“Está avançando rapidamente”, disse o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Favaro, à Bloomberg News, na Malásia, na segunda-feira (27). “Algo que estava parado há mais de 25 anos está agora muito perto de acontecer. Faltam apenas alguns detalhes.”
“O Japão é formado por consumidores de alta renda, mas é muito exigente”, disse Favaro. Uma das exigências era que o Brasil fosse declarado livre de febre aftosa, certificação obtida no início deste ano.
Favaro afirmou que o Brasil está na fase final do protocolo sanitário e que “uma vez concluído, o mercado será aberto”, o que ele espera que aconteça até o final do ano.
Brasil vende, Japão compra
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, enquanto o Japão é um grande importador global que, até agora, depende principalmente do fornecimento dos EUA e da Austrália.
O acordo significa demanda adicional pela carne bovina brasileira, em um momento em que as vendas para os EUA caíram após as tarifas de 50% impostas pelo governo Trump.
Uma medida que permita a entrada de carne bovina brasileira no Japão também colocaria em risco os embarques rivais dos EUA, justamente em um momento em que os EUA enfrentam uma grave escassez de gado. Isso elevou os preços futuros do gado vivo a níveis sem precedentes neste ano e eliminou bilhões de dólares em lucros para os frigoríficos americanos.
Os comentários de Fávaro ocorrem após visitas de autoridades japonesas neste ano para inspecionar as condições dos animais no Brasil. O presidente Lula se envolveu diretamente nas negociações para acessar o mercado japonês em março, durante sua visita ao Japão. “O Brasil está pronto”, disse Lula na época.
“Seria ótimo para o Brasil, porque o Japão é um mercado premium — para o Japão é possível exportar cortes nobres de carne bovina”, disse Gilberto Tomazoni, CEO da fornecedora de carnes JBS, na segunda-feira, durante uma conferência em São Paulo.
Ainda assim, ele alertou que pode levar algum tempo até que as vendas para o Japão se recuperem, já que esse mercado demanda produtos de alta qualidade e normalmente leva tempo para construir essas relações comerciais.
Além disso, as negociações entre o Brasil e o Japão foram conduzidas sob o governo japonês anterior. Com o novo governo em Tóquio, o Brasil terá que retomar o diálogo.
Desde que Lula iniciou seu terceiro mandato em 2023, 466 novos mercados foram abertos para produtos brasileiros, segundo o Ministério da Agricultura. Em entrevista coletiva em Kuala Lumpur nesta segunda-feira (27), Lula disse esperar que esse número chegue a 500 até o final de seu mandato, em 2026.
