Economia
Febraban no Lide: ‘economia é débil, frágil e precisa de juros altos’
Comitiva composta por senadores, governadores, deputados federais e 250 empresários discutiram oportunidades e desafios para o Brasil.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou nesta terça-feira (9) que algumas condições são necessárias para o Brasil voltar a crescer – apesar de algumas serem “dolorosas”. Um exemplo, segundo ele, é manter os juros no atual patamar para controle da inflação.
A afirmação foi feita diante de uma comitiva composta por senadores, governadores, deputados federais e 250 empresários brasileiros e dos Estados Unidos que discutiram oportunidades para o Brasil, desafios das reformas estruturantes e desenvolvimento econômico durante o Lide Brazil Investment Forum, em Nova York.
“Existem condições para que o crescimento volte a acontecer. Se a inflação existe, ela precisa ser enfrentada mesmo com mecanismos dolorosos. Os juros altos são sintomas claros de uma anomalia. E precisamos dar estabilidade e certeza para que os investidores entrem no Brasil.”
Isaac SidneY, presidente da febraban
Luiza Trajano, presidente e conselheira no Magazine Luiza (MGLU3), rebateu a fala do presidente da Febraban sobre os juros serem mantidos no atual patamar. “Não dá para ficar como está, é preciso baixar juros, caso contrário, a quebradeira [de empresas] vai aumentar e o consumo será impactado”.
Mas para o presidente da Febraban, é preciso que o Brasil tenha uma inflação previsível e controlada. Por isso, o remédio amargo aplicado pelo Banco Central se faz necessário.
“A inflação tem sete vidas: ela vai e volta. E mesmo quando ela deixa de ser um problema, se descuidar, ela volta.”
isaac sidney, presidente da febraban
O representante dos bancos ainda apontou que o Brasil não deve cometer os erros do passado, nem criar atalhos na economia que, segundo ele, atualmente é “débil, frágil, e que precisa que os juros se mantenham altos para se autofinanciar”.
Risco de crédito afasta investidores
O presidente na America Latina do Bank Of America (Bofa), Alexandre Bettamio, apontou para o risco de crédito do Brasil e como as perspectivas para o país não colaboram para atrair investimentos.
Segundo estudo do Bofa, há US$ 3,5 trilhões de capital no mundo para investir em países considerados como investment grade (quando o risco de inadimplência é relativamente baixo) e US$ 500 bilhões para ativos de grau especulativo. E segundo o executivo do Bofa, é neste último que o Brasil se enquadra atualmente.
“Hoje o grau de crédito do Brasil é BB -, o que atrai investidores dispostos apenas a investir em países de alto grau especulativo. Das 10 maiores economias do mundo, a única que não é investment grade é o Brasil”.
Alexandre Bettamio, bofa
Segundo Bettamio, se o país quiser atrair capital, precisa se enquadrar como uma economia investment grade. E para isso, é necessário aprender com o passado.
“Por volta de 2008 e 2015, o mundo viveu uma expansão econômica, o que fez com que a dívida pública brasileira caísse para um patamar de 50%. Tivemos uma enxurrada de investimento – eles saíram dos US$ 15 bilhões para US$ 100 bilhões. O Ibovespa saltou 600%, o câmbio foi para R$ 1,65, e o país ficou rico”, disse.
Mas segundo o executivo, entre 2015 e 2016, o cenário se inverteu. “A dívida do país cresceu mais de 70%, o PIB saiu de 4% para uma queda de 3,5%, a bolsa brasileira caiu e voltamos as ser um país pobre”, disse.
Para que o país volte a ter atratividade para os investidores, Bettamio reforçou a necessidade de manter a independência do Banco Central e que sejam feitas reformas econômicas que mantenham o equilíbrio fiscal.
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