Economia

Lula na China: o que você precisa saber sobre a visita

A viagem ocorre esta semana depois que Lula cancelou sua ida no fim de março para tratar uma pneumonia leve.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 5 min

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou na quarta-feira (12), uma visita à China que vai até sexta. A viagem ocorre esta semana depois que Lula cancelou sua ida no fim de março para tratar uma pneumonia leve.

Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fazem parte da numerosa comitiva da viagem, que começa por Xangai e termina com uma visita de Estado em Pequim.

Lula chega em Xangai 13/04/2023 Ricardo Stuckert/Divulgação via REUTERS

Veja abaixo destaques da viagem do presidente.

Relançamento das relações Brasil-China

A viagem de Lula visa azeitar as relações com o maior mercado de exportação para o Brasil e buscar novos investimentos após os anos Bolsonaro, de distanciamento.

Lula começa a viagem por Xangai (começa na quarta à noite em Brasília, que está 11 horas atrás no relógio). Ele irá à cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics. Na sexta em Pequim (agenda começa na quinta à noite no Brasil), a viagem se encerra com um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, quando haverá assinatura de acordos.

Pragmatismo comercial e Ucrânia na pauta

A viagem acontece poucos meses depois de Lula se encontrar com Joe Biden em Washington. A intenção, diz o governo Lula, é emplacar uma política externa pragmática, equilibrando os laços com seus principais parceiros comerciais, apesar das crescentes tensões entre as potências.

Além da pauta econômica, Lula quer usar a viagem para inserir o Brasil em possíveis negociações de paz na Ucrânia. O brasileiro disse que levará o tema a Xi Jinping, depois que seu assessor especial, Celso Amorim, esteve em Moscou. Lula tem defendido a criação de um grupo de países para discutir a paz, com participação da China.

Venda de aviões da Embraer

Durante a visita, a Embraer pretende assinar um acordo para vender 20 jatos comerciais para uma companhia aérea chinesa, disseram à Reuters duas pessoas familiarizadas com o assunto.

Se concretizado, o acordo marcaria um avanço para a Embraer na China, onde a fabricante brasileira de aviões tem lutado para encontrar novos negócios desde o fechamento em 2016 de uma joint venture de 13 anos em uma fábrica em Harbin.

Fábrica da Byd no radar

Em Xangai, Lula se encontra com o presidente da montadora de veículos elétricos BYD, em um encontro que acontece em meio a discussões que já duram meses para a instalação de um complexo industrial do grupo chinês na Bahia na antiga fábrica da Ford. Investimento estimado de 3 bilhões de reais

Lula vai se reunir com Wang Chuanfu, fundador do grupo que atualmente disputa a liderança global na produção de veículos elétricos com a norte-americana Tesla.

Carnes e navios

Na esteira da visita de março, que acabou cancelada, uma robusta comitiva empresarial, com peso da indústria de carnes, esteve em Pequim para um encontro com representes de companhias chinesas. Os frigoríficos dominaram uma lista que incluía produtores de celulose, indústria de soja, mineração, construção e serviços financeiros.

Na viagem, a Suzano assinou acordo com a empresa de navios chinesa Cosco para a construção de cinco embarcações de transporte de celulose e outros produtos de base biológica.

Fundo bilateral de investimento verde

Os governos do Brasil e da China negociam a criação de um fundo bilateral de investimento verde, cujo pontapé inicial pode ser anunciado durante a viagem, anteciparam à Reuters Amorim e Marina Silva.

A intenção é que o futuro fundo bilateral envolva o aporte de recursos públicos e privados que serão usados para alavancar investimentos em novas tecnologias verdes, subsidiar indústrias limpas e energia renováveis nos dois países e também em outros países em desenvolvimento.

Gigante chinesa em projeto de recuperação de terras

O governo brasileiro negocia para ter a comerciante chinesa de produtos agrícolas Cofco International como parceira em programa para recuperação e o plantio de áreas degradadas para a agricultura de baixo carbono.

Segundo o assessor especial do Ministério da Agricultura e Pecuária Carlos Ernesto Augustin, a proposta de uma coparticipação da empresa, com modelo ainda a definir, foi apresentada durante a viagem do ministro Carlos Fávaro à China, há duas semanas, e no próximo mês uma missão da Cofco deverá vir a Brasília para iniciar uma negociação.

Huawey e semicondutores

Na agenda de Lula também está a visita a um centro de tecnologia da Huawei. Fornecedora de boa parte da tecnologia 4G e 5G no Brasil, a Huawei teve a aprovação de novas tecnologias suspensas pelo governo norte-americano, que classificou a atuação da empresa de alto risco para a segurança nacional.

Amorim disse à Reuters em março que o Brasil não vê o mundo dividido entre Washington e Pequim e que não tem vetos prévios a negócios com os chineses, nem no sensível setor de semicondutores, foco de tensão entre as potências.

“Se eles (chineses) oferecerem boas condições (de fábrica de semicondutores), não vejo porque a gente recusar. Não temos medo do lobo mau”.

Mais Vistos