O presidente eleito Luiz Inácio lula da Silva (PT) venceu o segundo turno das eleições em 13 estados do país, enquanto o seu adversário, Jair Bolsonaro (PL), ganhou em 14. Lula foi eleito com 50,90% dos votos válidos (60.345.999 votos) e é o primeiro presidente que terá um terceiro mandato como presidente da República. Ele assume no dia 1º de janeiro de 2023.
Foi a primeira vez que um presidente atual, Jair Bolsonaro (PL), não conseguiu ser reeleito. Ele teve 49,10% dos votos válidos (58.206.354 votos). Essa foi a eleição mais acirrada do Brasil, e Lula volta ao poder após 12 anos com a maior votação de toda a história democrática. O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB) foi eleito como vice-presidente.
No primeiro turno, em 2 de outubro, o petista recebeu 48,43% dos votos válidos (57.259.504 votos), enquanto o atual presidente, 43,20% (51.072.345 votos).
Petista ganhou apenas na região Nordeste
Lula venceu em todos os estados da região Nordeste, tradicional reduto petista. Foi a única região em que ele saiu na frente, enquanto Bolsonaro venceu nas demais regiões do país.
No Sudeste, Lula venceu apenas em Minas Gerais, com 50,20% dos votos. O estado é conhecido nacionalmente por definir os rumos das eleições, já que desde da redemocratização do Brasil os candidato à presidência que venceram em Minas conseguiram se eleger.
O petista também venceu nos estados do Amazonas, Pará e Tocantins, na região Norte.
Já Bolsonaro venceu em todas as outras regiões do país, tendo a maior vantagem no Sul, onde conquistou 61,84% dos votos válidos. Ele também ganhou em todos os estados do Centro-Oeste, com 60,21% dos votos.
No Sudeste, com exceção de Minas, o atual presidente ganhou por 54,26%.
Discurso da vitória
Em discurso em São Paulo após o anúncio da vitória, Lula agradeceu seus apoiadores. O presidente eleito afirmou que o “compromisso mais urgente” é acabar com a fome.
Lula também voltou a citar promessas feitas durante a campanha, como “um salário justo reajustado sempre acima da inflação”, e disse ainda que deve “retomar o programa Minha Casa, Minha Vida, com prioridade para pessoas de baixa renda”.
O presidente falou que “a roda da economia vai voltar a girar”, citando medidas como apoio a pequenos e médios produtores rurais, incentivos aos micros e pequenos empreendedores e renegociação das dívidas das famílias.
Também no discurso, Lula disse que “vamos reconquistar a credibilidade para que investidores estrangeiros retomem a confiança no país” e deixem de enxergar o mercado brasileiro apenas como oportunidade de lucro para o curto prazo.
Expectativa mercado financeiro
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, enfrentava alta volatilidade nesta segunda-feira (31), e passou a operar em alta após abrir o dia em queda.
Os ativos brasileiros negociados no exterior tiveram forte queda no pré-mercado no início da manhã. Os ADRs (recibos negociados em Nova York) da Petrobras chegaram a despencar mais de 10% nas negociações de pré-abertura, enquanto o ETF de ações brasileiras EWZ caiu com força no pré-mercado. Os agentes financeiros aguardam agora as primeiras sinalizações sobre as políticas e principalmente a equipe econômica do petista.
Em entrevista exclusiva ao InvestNews, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, disse neste domingo (30), que “não há razão para ter tumulto” após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
A declaração vem após a análise de diversas casas de que a vitória de Lula significa um cenário pior para o cenário macroeconômico e o mercado financeiro, com perspectiva de câmbio e Selic mais elevadas na comparação com um cenário de vitória do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
“Agora vai depender muito dos anúncios do Lula nas próximas semanas, do plano econômico, responsabilidade fiscal, etc. Não há razão para ter tumulto”, disse ele.
Meirelles afirmou ainda que o novo governo deve criar uma “excepcionalidade” para furar o “teto de gastos” e manter o valor do Auxílio Brasil em R$ 600 e fazer os demais investimentos necessários para o país. No entanto, isso seria temporário, já que, a partir de 2024, os recursos devem ser viabilizados por reformas econômicas.
Meirelles disse que os próximos passos de Lula vão definir os termômetros do mercado financeiro, mas tentou acalmar os investidores. Isso em meio a receios de que, com Lula, a elevação dos gastos públicos seria mais intensa, levando a uma pressão de alta do dólar e dos juros, por exemplo.
“É possível sim, mas é condicionado a uma excepcionalidade constitucional em 2023, e depois definiria um projeto de reforma administrativa para os anos seguintes a partir de 2024, abrindo espaço pra isso”
Henrique Meirelles
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