Economia

Luta contra inflação do Fed deve causar mais danos do que se imaginava

Estudos alertam para perigos para nações em desenvolvimento diante da alta dos juros.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 3 min

A batalha do Federal Reserve para controlar a inflação provavelmente causará mais danos aos EUA e à economia mundial do que se estima atualmente, de acordo com dois estudos que serão apresentados em uma renomada conferência econômica.

O presidente do Fed, Jerome Powell, e seus colegas provavelmente terão que aumentar significativamente o desemprego para atingir sua meta de inflação de 2%, de acordo com um dos estudos preparados para a conferência do Brookings Institution de 8 a 9 de setembro. Um segundo estudo alerta para os perigos para as nações em desenvolvimento diante do aperto monetário nos EUA e do fortalecimento do dólar.

Embora uma aterrissagem suave da economia americana ainda seja possível, ela só seria atingida com muita sorte, disseram o professor da Universidade Johns Hopkins Laurence Ball e os economistas do Fundo Monetário Internacional Daniel Leigh e Prachi Mishra em um dos estudos.

“As previsões dos formuladores de política monetária do Fed — de inflação voltando à meta enquanto o desemprego mal passa de 4% — são razoáveis apenas sob suposições bastante otimistas”, disseram eles.

Problemas para países em desenvolvimento

No outro estudo, o ex-economista-chefe do FMI Maurice Obstfeld e Haonan Zhou, da Universidade de Princeton, alertam para problemas à frente para muitas economias em desenvolvimento à medida que o dólar sobe em resposta às taxas mais altas nos EUA.

Essas economias são particularmente vulneráveis devido ao aumento da dívida público e de empresas durante a pandemia, grande parte em dólares, disseram.

“Os sinais de perigo já estão piscando”, escreveram. “Uma fase contracionista do ciclo financeiro global está em andamento.”

Outros riscos surgem se o Fed não conseguir controlar a inflação, disse a dupla. Isso afetaria a economia global no longo prazo e poderia corroer o papel do dólar como principal moeda de reserva mundial, disseram Obstfeld e Zhou.

Ball e seus colegas atribuíram parte da disparada da inflação ao plano de estímulo econômico de US$ 1,9 trilhão do presidente Joe Biden, que eles disseram ter contribuído para um aperto no mercado de trabalho. Outros fatores incluem choques na cadeia de suprimentos e aumento dos preços da energia.

Espera-se que Powell e seus colegas aumentem ainda mais as taxas de juros no final deste mês, à medida que buscam conter a inflação elevada sem levar a economia a uma recessão.

Inflação projetada

As últimas estimativas da autoridade monetária projetavam inflação de 2,2% até o final de 2024, ante 6,3% em julho, e desemprego a 4,1%, contra 3,7% agora. Os dirigentes atualizarão essas previsões em sua reunião de 20 a 21 de setembro.

“Reduzir a inflação provavelmente exigirá maior desemprego do que o Fed antecipa”, disseram Ball e seus colegas.

O Brookings Papers on Economic Activity é uma conferência semestral dos principais acadêmicos em Washington, para a qual vários ganhadores do Prêmio Nobel contribuíram desde seu início em 1970.

Mais Vistos