Economia

Mercado fica mais pessimista com juros que o próprio Fed

Reposicionamento puxa para cima as taxas que os investidores exigem para comprar os títulos mais longos do Tesouro americano .

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Por um breve momento na semana passada, o mercado e o Federal Reserve ficaram alinhados em relação ao ritmo da flexibilização monetária. Não durou muito.

Depois de terem passado boa parte do ano se posicionando para um cenário de cortes de juros muito mais dovish do que as projeções do banco central americano, os investidores agora foram para o outro lado da balança. Os juros futuros americanos precificam cerca de 65 pontos-base de reduções da taxa básica em 2024, comparado a 75 pontos-base sinalizados pela estimativa mediana das projeções trimestrais do Fed divulgadas em março.

O reposicionamento puxa para cima as taxas que os investidores exigem para comprar os títulos mais longos do Tesouro americano — e os preços, para baixo. Os yields das notas com vencimento entre cinco a 30 anos subiram para os níveis mais altos do ano nesta terça-feira. O Treasury de 10 anos chegou a ser negociado a uma taxa de 4,4%, uma alta de 20 pontos-base em apenas dois dias.

Sede do Federal Reserve, em Washington 16/12/2015 REUTERS/Kevin Lamarque

“Achei que seria difícil o mercado desafiar o Fed pelo lado mais hawkish, mas aparentemente é o que está acontecendo, diante de algumas evidências”, disse Benoit Gerard, estrategista de taxas da Natixis em Paris.

Os operadores do mercado de renda fixa reagem a dados econômicos recentes que apontam para a força da economia dos EUA, potencialmente reduzindo a necessidade de cortes de juros. 

Dados divulgados na sexta-feira mostraram que o consumo permanece forte. Depois, na segunda-feira, um indicador de atividade industrial mostrou expansão pela primeira vez desde 2022, superando todas as estimativas de uma sondagem da Bloomberg junto a economistas.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse após os dados de consumo que os números estavam “praticamente em linha com as nossas expectativas” e repetiu que a autoridade monetária não tem pressa em cortar juros.

A probabilidade de um corte em junho sinalizada pelos swaps de juros caiu brevemente abaixo de 50% na segunda-feira.

“Embora junho não esteja fora de questão, a convicção do mercado de um primeiro corte do Fed até lá está desaparecendo”, disseram estrategistas do ING, incluindo Benjamim Schroeder. “Os dados serão o fator decisivo.”

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