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Economia

Presidente da Argentina, Javier Milei atua como substituto de Trump na cúpula do G20 no Rio

“Parece, agora, que a posição oficial da Argentina é criar problemas”, reclamou um diplomata europeu

O presidente da Argentina, Javier Milei, na cúpula do G20 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro 19/11/2024 REUTERS/Pilar Olivares

Enquanto líderes mundiais na cúpula do G20 no Brasil se preparam para o retorno do presidente dos EUA, Donald Trump, ao centro dos temas globais, um chefe de Estado presente na sala já deu uma prévia de um estilo familiar e iconoclasta de direita.

O presidente argentino Javier Milei negou a ciência climática, discordou sobre igualdade de gênero, criticou impostos mais altos para bilionários e, recém-chegado de um encontro com Donald Trump em seu resort Mar-a-Lago, mostrou que está disposto a desafiar o consenso global.

Enquanto Milei celebrava com o presidente eleito dos EUA na Flórida, os principais diplomatas de seu país passaram a semana passada no Rio negociando um consenso delicado com colegas do G20 em torno de uma declaração conjunta de 9 mil palavras para aprovação final pelos chefes de Estado nesta semana.

Os diplomatas tiveram problemas quando os negociadores argentinos disseram ter recebido uma ligação do presidente com ordens para que endurecessem a resistência a trechos previamente acordados sobre cooperação tributária, relataram pessoas envolvidas nas discussões.

“Parece, agora, que a posição oficial da Argentina é criar problemas”, reclamou um diplomata europeu.

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Os diplomatas argentinos cederam após dias de negociações intensas. Os chefes de Estado, no entanto, ouviram diretamente de Milei durante a cúpula suas objeções às menções no comunicado conjunto sobre tributação progressiva, igualdade de gênero e aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, de acordo com fontes presentes no debate plenário.

Um porta-voz de Milei não respondeu a um pedido de comentário.

Ele adotou um tom desafiador nas redes sociais, repetindo uma mensagem anterior na plataforma X, na segunda-feira: “Não sou político, nem aspiro a ser. Assim como o presidente Trump, tive que entrar neste pântano podre como um ato de autodefesa”.

Em breve, ele pode não apenas ecoar a retórica, mas também as principais decisões políticas.

Após um longo debate privado com Milei antes da cúpula, o presidente francês Emmanuel Macron saiu convencido de que o argentino vai abandonar o Acordo de Paris se Trump cumprir sua ameaça de fazer o mesmo, segundo uma autoridade francesa.

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Nas negociações climáticas da ONU na semana passada, a delegação argentina abandonou as discussões por ordens de Milei, um negacionista do aquecimento global. Durante a cúpula do G20, ele evitou uma sessão de trabalho sobre desenvolvimento sustentável nesta terça-feira, de acordo com uma fonte presente.Desde o início da cúpula, Milei deixou claro que não estava ali para fazer amigos.

Ao chegar na segunda-feira ao Museu de Arte Moderna do Rio, Milei cumprimentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião do evento, com um aperto de mão frio. Ele segurava uma pasta junto ao peito, descartando o abraço habitual entre líderes latino-americanos amigáveis.

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