Economia
No 2º dia em Davos, Haddad diz que fiscal não é agenda econômica completa
Ministro da Fazenda se reuniu com investidores estrangeiros e banqueiros brasileiros nesta terça-feira (17).
No segundo dia do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) se reuniu com investidores sauditas e disse que a questão fiscal é apenas parte da “lição de casa”.
O ministro teve um almoço com banqueiros brasileiros nesta terça-feira (17) e afirmou aos jornalistas que acha que os chefes das instituições financeiras estão menos tensos com o risco fiscal.
“O fiscal é pressuposto do desenvolvimento, você tem que estar com as contas arrumadas, mas para desenvolver o país você precisa de uma política pró-ativa de mapear as oportunidades, onde vai investir em ciência e tecnologia, como vai repensar matriz energética, qual o tipo de indústria você quer atrair para o seu território. O fiscal é uma parte da lição de casa, mas ele não é uma agenda econômica completa se você for pensar em desenvolvimento”, disse Haddad.
Haddad também disse que o risco fiscal foi uma herança recebida do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que agiu de forma irresponsável durante o período eleitoral. Ele voltou a citar a necessidade da Reforma Tributária.
“Temos que aproveitar a oportunidade para fazer alguma coisa estrutural, vamos rever as medidas do Bolsonaro mas vamos pensar perspectiva de fazer a Reforma Tributária, de repensar o arcabouço fiscal porque isso que vai dar sustentabilidade.”
Investidores estrangeiros
Mais cedo, Haddad se encontrou com Al-Fahli, ministro saudita do Investimento. A Arábia Saudita já possui investimentos com empresas e bancos brasileiros e tem interresse em ampliar seus negócios.
“Ele tem interesse em investir no Brasil, sobretudo em parcerias público-privadas e em concessões. Eles têm fundos de investimentos e estão atentos a todos editais de parcerias que o governo brasileiro e estados e municípios vão lançar no próximo período.”
O ministro também se reuniu com representantes do Open Society e da Eurasia nesta terça-feira.
Durante conversa com Ian Bremmer, da Eurasia, o diálogo ficou em torno do espaço que o Brasil deve ocupar na disputa internacional por investimentos para a retomada do crescimento econômico.
“Eu recebi insumos sobre com quem dialogar tanto no governo americano quanto no mundo asiático para que a América Latina seja reservada uma parte da indústria do mundo, que setores nós podemos nos reindustrializar. Há uma convergência dos assuntos tratados da indústria automobilística de última geração, a questão do motor híbrido, do hidrogênio verde, do etanol e mesmo a questão do agronegócio”, afirmou.
Reformas e Imposto de Renda
Em painel do Fórum Econômico Mundial, ao lado da ministra do Meio Ambiente Marina Silva, Haddad disse que quer aprovar a reforma de tributos que incidem sobre o consumo ainda neste semestre. Já a reforma do Imposto de Renda deve ser votada no segundo semestre deste ano.
“No segundo semestre, nós queremos votar uma reforma tributária sobre a renda para desonerar as camadas mais pobres do imposto e onerar quem hoje não paga imposto, muita gente no Brasil não paga imposto, precisamos reequilibrar o sistema tributário para melhorar a distribuição de renda”, disse.
O ministro da Fazenda também disse que se as receitas e despesas federais voltarem ao nível pré-pandemia, o governo conseguirá zerar o déficit primário em dois anos.
“Pretendemos voltar despesas e receitas ao mesmo patamar pré-crise da pandemia, que é 18,7% [do PIB]. Se nós conseguirmos isso em dois anos, a gente consegue zerar o déficit”, afirmou.
O nível de 18,7% do PIB mencionado pelo ministro, no entanto, refere-se ao nível de receita do governo federal em 2022, segundo dados do Ministério da Fazenda. Em 2019, antes da pandemia, o patamar estava em 18,2% do PIB.
Veja também
- Perspectiva de reunião de Haddad com Lula em Brasília arrefece alta do dólar
- Com fiscal sob pressão, Haddad cancela viagem à Europa a pedido de Lula
- Dólar fecha no maior valor em mais de 3 anos com incertezas sobre corte de gastos do governo
- Equipe econômica vê alta do PIB de 2024 se aproximar de 3% e cita incerteza e risco inflacionário
- Após indicação de Galípolo para presidência do BC, dúvida é nome para diretor de Política Monetária