Esse shutdown nos EUA preocupa investidores e governos de outros países porque amplia as incertezas fiscais, atrasa a divulgação de dados econômicos fundamentais, como inflação e emprego, afeta contratos públicos, pagamentos a fornecedores e pode reduzir o consumo interno. Embora geralmente temporárias, essas paralisações já se tornaram recorrentes na política americana, refletindo a polarização no Congresso e as dificuldades de negociação sobre gastos públicos.
Ainda não há previsão para o fim da paralisação. O shutdown só termina quando parlamentares aprovarem um orçamento ou ao menos uma medida provisória de financiamento temporário. Até lá, cresce a apreensão de mercados financeiros em todo o mundo, já que cada dia de impasse aumenta o custo econômico e político da crise.
Shutdown: terceira vez sob comando de Trump
O Congresso ultrapassou o prazo de meia-noite para aprovar o orçamento. Isso acabou desencadeando a primeira paralisação do governo dos EUA em quase sete anos, e é a terceira parada do comando de Donald Trump.
O Escritório de Orçamento da Casa Branca ordenou que as agências executem os planos para a suspender recursos. Apenas os serviços essenciais continuam operando, mas diversos serviços públicos foram afetados.
O que é shutdown?
Na prática, o shutdown ocorre quando o governo federal fica sem autorização legal para gastar recursos em áreas consideradas “não essenciais”. Isso significa que parques nacionais, museus, repartições públicas e parte dos serviços administrativos entram em recesso, enquanto áreas vitais, como segurança nacional, saúde de emergência e controle aéreo, seguem funcionando.
Nos EUA, esse tipo de paralisação só termina quando o Congresso aprova um orçamento ou uma medida provisória que garanta o financiamento das operações governamentais. Até lá, milhões de servidores podem ser afastados temporariamente ou trabalhar sem remuneração, recebendo os salários apenas retroativamente quando a situação é resolvida.
Exemplos de shutdown
O mais longo shutdown da história americana ocorreu entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, durante o governo de Donald Trump, e durou 35 dias. À época, a paralisação afetou cerca de 800 mil servidores federais e custou bilhões de dólares à economia do país. Outros episódios marcantes aconteceram em 1995, no governo Bill Clinton, e em 2013, na gestão de Barack Obama.
Embora o termo seja mais associado aos EUA, paralisações governamentais também já ocorreram em outros países. No Brasil, em 2017, parte das atividades federais foi temporariamente suspensa por falta de recursos. Nâo se tratou de um shutdown formal como nos EUA, mas paralisações por falta de verba levartam a atrasos em repasses para universidades, serviços de emissão de passaportes e manutenção de museus.
Na Argentina, crises fiscais recorrentes já levaram a paralisações em serviços administrativos e atrasos de salários de servidores em diversas províncias. Em países da União Europeia, como a Bélgica, impasses políticos também já resultaram em períodos sem orçamento aprovado, ainda que com mecanismos diferentes dos dos Estados Unidos.
Por que o shutdown preocupa investidores?
O risco de shutdown aumenta a percepção de instabilidade política e fiscal, o que pode impactar bolsas de valores, títulos do Tesouro e até mesmo a cotação do dólar. Além disso, a paralisação atrasa indicadores oficiais usados pelo mercado para calibrar expectativas sobre inflação, juros e crescimento econômico.
Para investidores, acompanhar o tema é essencial, já que a paralisação temporária do governo pode gerar efeitos sobre bolsas, juros e câmbio em escala global. A seguir, confira o que pode ocorrer caso o shutdown se concretize:
- Mercado acionário: bolsas tendem a reagir negativamente à incerteza, já que empresas que dependem de contratos públicos ficam expostas;
- Títulos do Tesouro: os Treasuries, referência para o mundo, podem sofrer volatilidade, afetando taxas de juros globais;
- Dólar: a moeda americana pode se valorizar pela busca de proteção ou, em alguns casos, se enfraquecer diante da percepção de risco;
- Dados econômicos: informações oficiais sobre inflação, emprego e PIB podem ser atrasadas, prejudicando análises e decisões de política monetária.