A prata ultrapassou US$ 40 a onça pela primeira vez desde 2011, e o ouro se aproximou de uma máxima histórica, com a perspectiva de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed).
A prata à vista subiu 2,6%, indo para US$ 40,7599 a onça. Assim, a valorização da prata é de cerca de 40% neste ano.
Enquanto isso, o ouro subiu 1,2%, e chegou em US$ 3.500 a onça, recorde no leilão da London Bullion Market Association.
Ambos os metais mais que dobraram de valor nos últimos três anos, impulsionados pelos crescentes riscos mundiais, como guerras e as novas tarifas de importação dos EUA.
O rali dos metais foi impulsionado pelas expectativas de que o banco central dos EUA reduzirá os juros no final de setembro, com o mercado de trabalho em crescimento lento.
“Ouro e prata ganharam vida repentinamente, com o alinhamento de fundamentos e aspectos técnicos”, disse Charu Chanana, estrategista da Saxo Capital Markets, acrescentando que as preocupações com o futuro do Fed sustentaram os ganhos. “Além disso, os principais níveis de resistência em torno de US$ 3.450 para o ouro e US$ 40 para a prata foram rompidos, desencadeando compras de impulso.”
Apelo ao ouro e prata
A perspectiva de juros em queda aumentou o apelo dos investidores por ouro e prata. Além disso, as críticas do presidente dos EUA, Donald Trump, às autoridades do Fed semearam preocupações sobre a independência do banco central.
A decisão de Trump de demitir a governadora do Fed, Lisa Cook, só deve ser concluída na terça-feira (2). E isso poderá ter implicações para os mercados financeiros globais e, dependendo da conclusão, pode abalar a confiança dos investidores nos EUA.
Soma-se a isso o fato de um tribunal federal de apelações ter decidido que as tarifas de importação dos EUA foram impostas ilegalmente, sob uma lei de emergência. Os juízes, porém, deixaram as taxas em vigor enquanto o caso prossegue, sugerindo que alguma liminar possa reduzir as taxas.
A cotação do ouro subiu em abril, quando Trump anunciou o plano para aumentar as tarifas de importação. Desde então, porém, com Trump recuando em algumas taxas, a demanda dos investidores por refúgios seguros diminuiu, o que segurou o preço do ouro.
A prata, por sua vez, superou os ganhos em relação ao ouro, com os investidores entrando em fundos lastreados no metal.
Na outra ponta, o dólar está caindo, o que aumenta o poder de compra em grandes países consumidores, como China e Índia.
“Cortes de juros pelo Fed, enfraquecimento do dólar americano, o aumento dos fluxos de ETFs e a melhora nas importações indianas devem impulsionar ainda mais o ouro e a prata”, afirmaram Amy Gower e Martijn Rats, analistas do Morgan Stanley, em nota. “Prevemos uma alta de cerca de 10% para o ouro, enquanto a prata está sendo negociada dentro da nossa previsão.”
As taxas de arrendamento, que refletem o custo do empréstimo, permanecem em torno de 2%, bem acima de seus níveis normais, que são próximos a zero.