Economia
Passagens aéreas globais devem continuar caras nos próximos anos
Previsão é de Michael O’Leary, CEO da Ryanair, a maior companhia aérea da Europa.
O pior da pandemia já passou, os países reabriram as fronteiras e companhias aéreas esperam lucros razoáveis agora que as viagens de negócios e lazer foram retomadas. Então, por que as tarifas continuam tão altas?
Por um lado, há falta de aviões. Aéreas paralisaram grande parte de suas frotas porque a demanda por viagens era muito fraca durante a pandemia. Agora, não podem reativá-las rápido o suficiente — são necessárias 100 horas de trabalho para colocar os maiores jatos em operação depois de estacionados.
Outra razão: consumidores estão dispostos a pagar mais pelas passagens depois de serem impedidos de viajar, em alguns casos por até três anos. Uma pesquisa da Booking.com com mais de 25 mil adultos que planejam viajar nos próximos 12 a 24 meses revelou que muitos queriam ser “mais indulgentes” com seus itinerários para compensar as oportunidades perdidas.
“Mesmo que alguns voos possam ser um pouco mais caros do que antes, muitas pessoas ainda veem valor em gastar com viagens”.
Marcos Guerrero, diretor sênior de voos da empresa de viagens online.
A má notícia para consumidores é que os preços das passagens provavelmente permanecerão elevados por vários anos, pelo menos de acordo com Michael O’Leary, CEO da Ryanair, a maior companhia aérea da Europa em número de passageiros transportados.
Falta de pessoal
Companhias aéreas foram atingidas por quase US$ 200 bilhões em perdas com o impacto da Covid e dezenas de milhões de empregos na aviação foram cortados. Com a recuperação das viagens agora bem encaminhada, a indústria enfrenta dificuldades para recontratar no mesmo ritmo. Muitos ex-funcionários experientes decidiram mudar completamente de carreira e buscaram empregos mais estáveis.
Petróleo caro
Os preços dos combustíveis se desaceleraram nos últimos 12 meses, mas o petróleo ainda está mais de 50% acima da cotação em janeiro de 2019, o que cria um problema para companhias aéreas, já que o combustível é seu maior custo. Muitas operadoras, especialmente as de baixo custo, não fazem hedge das despesas com combustível, deixando-as vulneráveis a picos de preços provocados por eventos como a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Escassez de aeronaves
Cerca de 16 mil aeronaves – aproximadamente dois terços da frota comercial mundial – foram aterradas no auge da pandemia. Colocá-las novamente em operação é uma tarefa enorme que envolve examinar cada parte para garantir sua segurança. Muitas foram deixadas em desertos nos EUA e na Austrália, onde são menos suscetíveis ao desgaste, mas ainda podem apresentar problemas como interiores e motores danificados.
Lento retorno da China
A China, a segunda maior economia do mundo e fonte de quase US$ 280 bilhões em gastos anuais com turismo antes da pandemia, ainda se recupera da crise. O governo manteve medidas de contenção do coronavírus, como lockdowns em toda a cidade, por muito mais tempo do que em qualquer outro país, e as pessoas não estão muito ansiosas para arriscar viajar novamente, mesmo depois de a política Covid Zero ter sido suspensa.
“As companhias aéreas ainda não se recuperaram totalmente da pandemia”, disse Clint Henderson, editor-chefe do site The Points Guy.
“Os voos para a China são um ótimo exemplo. Existem muito poucos agora, e os que existem têm preços astronomicamente altos.”
Problema com milhas
Consumidores acumularam milhões de pontos e milhas aéreas com gastos nos cartões de crédito durante a pandemia, mas agora tem sido difícil resgatá-los devido à falta de disponibilidade de assentos nos voos. As áreas normalmente reservam apenas alguns lugares para resgate com pontos, e essa fração encolheu ainda mais. Também começaram a rebaixar seus pontos, disse Henderson, acrescentando que os consumidores devem ficar atentos às raras oportunidades de usá-los.
“Se você vir uma boa oferta, agarre”, disse. “Não duram muito hoje em dia.”
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