Economia
Perdas com furacão Milton podem alcançar US$ 174 bilhões
Até 700 mil casas podem ser impactadas
O furacão Milton avança em direção à costa oeste da Flórida com ventos poderosos o suficiente para demolir casas, ameaçando provocar enchentes que podem ser as piores em um século em alguns dos condados que mais crescem no estado.
Os ventos de Milton diminuíram levemente, atingindo 250 km/h, o que o classifica como um furacão de Categoria 4 na escala Saffir-Simpson. A previsão é que o furacão eleve o nível das águas da Baía de Tampa em até 4,5 metros, inundando cidades e comunidades.
Mesmo que Milton toque a terra como Categoria 3, a elevação do nível do mar pode ameaçar cerca de 500 mil residências na área de Tampa Bay e Sarasota, com um custo de reconstrução estimado em US$ 123 bilhões, segundo dados da CoreLogic, empresa de análise de propriedades. Caso chegue como Categoria 4, até 700 mil casas, avaliadas em US$ 174 bilhões, podem ser impactadas.
Esses valores refletem o alto preço dos imóveis na região de Tampa, além da população densa.
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O Centro Nacional de Furacões dos EUA alertou que a tempestade trará chuvas torrenciais, com algumas áreas registrando até 450 mm de precipitação. Apagões generalizados, que podem durar dias ou semanas, também são esperados.
“Para esta região da Flórida – Tampa Bay, Sarasota, Bradenton – provavelmente será a pior tempestade que os moradores mais antigos já viram”, disse Dan Pydynowski, meteorologista da empresa AccuWeather Inc.
Milton deve atingir a terra firme na noite de quarta-feira ou na madrugada de quinta-feira ainda como um furacão de Categoria 4, segundo a AccuWeather. Há uma chance de que ele atinja a área ao sul de Tampa Bay, o que pode resultar em ventos empurrando a água para o oeste em direção a St. Petersburg, um fenômeno que já ocorreu em 2022, quando o furacão Ian atingiu mais ao sul.
Os danos e prejuízos esperados podem variar entre US$ 60 bilhões e US$ 75 bilhões, caracterizando um “desastre de grandes proporções” para a região, conforme estimativas de Chuck Watson, modelador de desastres da Enki Research.
Catástrofes em série
Milton deve tocar a terra duas semanas após o furacão Helene atingir a Flórida mais ao norte, desencadeando enchentes no sul dos EUA que já deixaram mais de 230 mortos. Assim como o furacão Ian, que causou mais de 150 mortes em 2022, Milton também chegou a atingir a Categoria 5, mas deve perder um pouco de força antes de chegar à costa.
Embora os ventos de Milton possam diminuir antes de tocar a terra, a força da elevação das águas se manterá. Esse fenômeno já foi registrado em tempestades devastadoras como o furacão Katrina, em 2005, e o furacão Ike, em 2008. O nível da escala Saffir-Simpson, portanto, não é um verdadeiro indicador do poder destrutivo da tempestade.
Moradores da costa já começaram a evacuar a região, incluindo a cidade de Tampa, com cenas de engarrafamento intenso nas rodovias. Autoridades alertaram contra a tentativa de resistir à tempestade.
A demanda por voos também disparou, e a United Airlines anunciou que todos os voos saindo de Tampa, Orlando, Fort Myers e Sarasota estão lotados até quinta-feira. Segundo o serviço de rastreamento FlightAware, 4.086 voos foram cancelados em todo o país entre quarta e quinta-feira.
Potencial destrutivo
Para facilitar a evacuação, o governador Ron DeSantis anunciou a suspensão das cobranças de pedágio e autorizou o uso dos acostamentos como faixas de trânsito. “Observando o tamanho dessa tempestade, haverá danos significativos em diferentes partes da Flórida”, disse DeSantis em uma coletiva de imprensa na terça-feira. Além dos danos causados pelos ventos e pelas enchentes, são prováveis apagões generalizados, acrescentou o governador, que declarou emergência em 51 condados.
Além das flutuações nos ventos, Milton também deve expandir sua área de impacto, causando destruição em uma área ainda maior.
“Milton tem potencial para ser um dos furacões mais destrutivos já registrados na região centro-oeste da Flórida”, afirmou Richard Pasch, meteorologista do Centro de Furacões dos EUA.
À medida que Milton se aproxima, as rajadas de vento mais fortes devem se estender para o interior, atingindo áreas próximas a Orlando e afetando cerca de dois terços da principal área de produção de cítricos do estado, segundo o Commodity Weather Group.
Além de Milton, o Centro de Furacões está monitorando uma área de baixa pressão na costa leste da Flórida, que tem 40% de chance de se transformar em ciclone tropical nos próximos dois dias.
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