Economia

Petrobras reajusta diesel em 14,26% e gasolina sobe 5,18%

Aumento nas refinarias será válido a partir desta sábado (18).

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A Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou nesta sexta-feira (17) aumentos dos preços médios de venda da gasolina e do diesel para as distribuidoras, valendo a partir de sábado (18). A decisão vem após uma reunião de emergência do conselho da estatal que deu sinal verde aos reajustes.

No caso da gasolina, o reajuste foi de 5,18%, com os valores por litro passando de R$ 3,86 para R$ 4,06. A última elevação de preços do combustível vendido pela Petrobras havia ocorrido em 11 de março.

Já para o diesel, o reajuste anunciado foi de 14,26%, com o preço médio do litro passando de R$ 4,91 para R$ 5,61. O último reajuste do diesel pela estatal foi em 10 de maio.

O conselho de administração fez uma reunião de emergência na tarde de quinta-feira (16) para tentar resolver o impasse em torno do preço dos combustíveis. O encontro pegou os dirigentes da estatal de surpresa, não apenas por ser feriado, mas porque o tema não é da competência do conselho.

A reunião serviu para reafirmar que o reajuste dos combustíveis é de responsabilidade da diretoria executiva.

Os preços na bomba serão impactados, com reflexo na inflação: 0,14 ponto percentual pelo aumento da gasolina e 0,04 ponto percentual para o diesel, segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas.

Nota da Petrobras

Em nota, a Petrobras reiterou seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado. Também destacou que tem evitado o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais do petróleo e da taxa de câmbio.

“Dessa maneira, observando a evolução do mercado, foi possível manter os preços de venda para as distribuidoras estáveis por 99 dias para a gasolina e 39 dias para o diesel”, afirmou a empresa.

A estatal manteve os preços do GLP (gás de cozinha).

Pedido de Bolsonaro

Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro voltou a pedir nque a Petrobras não reajustasse os preços dos combustíveis e sugeriu que um novo aumento teria motivações políticas contra seu governo.

Pedra no sapato do presidente, que busca a reeleição no pleito de outubro, a constante alta no preço dos combustíveis tem sido um assunto recorrente em suas falas.

Defasagem de preços

A gasolina está há quase 100 dias com o preço congelado nas refinarias da Petrobras, enquanto o diesel teve o preço elevado pela última vez há 36 dias. Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostram que a defasagem chegava a 11% no diesel e de 19% na gasolina frente às cotações internacionais.

Com os preços defasados em relação ao exterior, a Petrobras tem sofrido pressão do governo para manter a gasolina e o diesel congelados até as eleições, enquanto o mercado espera que a empresa prossiga com a sua política de preço de paridade de importação (PPI).

Reação da classe política e mercado

Segundo a Reuters, o reajuste revoltou a classe política, com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pedindo a renúncia imediata do presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, e dizendo que líderes parlamentares discutirão a possibilidade de dobrar a taxação dos lucros da estatal.

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, chamou de “traição” o novo reajuste dos combustíveis e afirmou que já conversou com o presidente da Câmara para articular a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o conselho da estatal petrolífera.

Também pela manhã, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça –indicado para a corte por Bolsonaro– deu cinco dias de prazo para que a Petrobras explique sua política de preços dos combustíveis estabelecida nos últimos 60 meses.

Diante das ameaças e pressões, as ações da Petrobras desabavam nesta sexta-feira, chegando a recuar cerca de 9% no pior momento, adicionando preocupações entre agentes financeiros sobre interferência política na estatal.

Especialistas do mercado também criticaram a companhia. “O problema não está na Petrobras e sim na política de preços da empresa, que está equivocada”, afirmou o ex-diretor da agência reguladora do setor ANP Victor Martins.

“Petrobras é empresa de economia mista e tem função social e ao mesmo tempo tem que dar resultado para acionistas. Agora desequilibrou. Como não investiu em refinarias, agora está importando derivados e com abundância de óleo bruto”, ressaltou ele.

Ele sugeriu que o governo deveria tributar a exportação de petróleo, para criar mecanismos de estabilização de preços.

Já o economista Aurélio Valporto, presidente da associação que representa minoritários de companhias abertas (Abradin), disse que, se as refinarias que a empresa decidiu parar estivessem prontas, não precisaria importar diesel. “O aumento é um desastre”, disse ele à Reuters.

A Petrobras observou ainda que a mesma conjuntura que impacta os preços dos combustíveis tem “externalidade positiva” na geração de recursos públicos, com maior arrecadação da União com tributos e participações governamentais, além de pagamentos de dividendos, o que poderia ser utilizado para a criação de programas para atenuar as altas aos consumidores.

“Adicionalmente, no ano de 2021, a Petrobras pagou de dividendos para a União o montante de 27 bilhões de reais, e no ano corrente, até julho, destinará ao acionista controlador o montante de 32 bilhões de reais. Esses recursos podem contribuir para o orçamento de políticas públicas, incluindo formas de mitigar os impactos da crise atual sobre os preços dos combustíveis”, disse a estatal.

A Petrobras também disse reconhecer as medidas que o governo e Congresso vêm explorando na esfera tributária para mitigar os níveis de preços de diversos produtos da cadeia de consumo, mas disse que elas “não desconectam os preços ex-tributos das commodities no mercado brasileiro das flutuações do mercado internacional”.

O presidente Bolsonaro reforçou, entretanto, que o governo (acionista majoritário) é contra qualquer reajuste nos combustíveis, “não só pelo exagerado lucro da Petrobras em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”.

*Com Reuters e agências

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