Economia
Powell diz que ‘restaurar estabilidade de preços levará algum tempo’
Segundo o chair do Fed, o foco do Federal Open Market Committee (FOMC) agora é trazer a inflação de volta para a meta de 2%.
Jerome H. Powell, chair do Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, disse ao mercado nesta sexta-feira (26), durante o seminário de política econômica de Jackson Hole, em Wyoming, que o foco do Federal Open Market Committee (FOMC) agora é trazer a inflação de volta para a meta de 2%.
“Estamos mudando nossa postura política propositalmente para um nível que será suficientemente restritivo para retornar a inflação a 2%”, disse.
Segundo ele, a estabilidade de preços é responsabilidade do Fed e serve como alicerce da economia, mas diz que restaurá-la levará algum tempo. “Requer o uso de nossas ferramentas com força para equilibrar a demanda e a oferta. A redução da inflação provavelmente exigirá um período sustentado de crescimento abaixo da tendência. Além disso, muito provavelmente haverá algum abrandamento das condições do mercado de trabalho”.
Na opinião do chair do Fed, “embora os dados econômicos mais recentes tenham sido confusos, a economia dos EUA continua a mostrar um forte impulso subjacente”.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos sobre discurso do Powell, diz que a mensagem foi vista pelo mercado como “mais dura”. “Ainda tem uma grande parcela do mercado que torce para que o banco central dos EUA não suba tanto a taxa de juros por lá e que comece a cortar o quanto antes, mas a mensagem, há alguns meses, já é essa de que eles irão apertar as condições”.
Gustavo pontua que apesar dos “eufemismos” ao falar dos impactos da alta dos juros, o Fed já indicou aceitar que a atividade econômica chegue a uma recessão. “Tudo caminha para que os juros para o final do ano sejam de, pelo menos, 4%. A inflação ainda está bem alta”.
Powell sinaliza que apesar das leituras de inflação mais baixas para julho, a melhora de um único mês não é o bastante para Comitê confiar que a inflação está caindo. “Nas circunstâncias atuais, com a inflação muito acima de 2% e o mercado de trabalho extremamente apertado, as estimativas de neutralidade de longo prazo não são um lugar para parar ou fazer uma pausa”.
Segundo analista da RB Investimentos “Até a próxima reunião, em 1 de setembro, temos, na semana que vem, o relatório do mercado de trabalho dos EUA de agosto e o relatório de inflação, que, se não der sinais muito claros de que ela está desacelerando vertiginosamente, ao que parece, o Fed seguirá nos 0,75 p.p”, diz. “Entendo vai confundir bastante com as eleições, mas, em setembro, a tendência é que o banco central americano jogue o mercado para baixo. Além da alta de juros, vai começar a diminuir o balanço deles e isso é liquidez menor no mercado disponível”, completa.
* Com informações do Federal Reserve
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