Economia
Preço de seguro de carro chega a disparar mais de 130% em 2022
Preço médio subiu mais de 50% em um ano; especialista diz, porém, que a tendência é de estabilidade.
O preço de seguro de carro disparou em 2022. Em média, a alta foi de 55% para homens e 47% para mulheres entre agosto de 2021 e o mesmo mês de 2022. No entanto, os preços chegaram a mais que dobrar para alguns modelos de veículos. O seguro para o Fiat Argo, por exemplo, o seguro subiu 138% para mulheres e 112% para homens.
Os dados foram levantados pela Minuto Seguros, corretora do grupo Creditas, a pedido do InvestNews, considerando 4 modelos de carros que figuram entre os mais vendidos no país. Os números mostram que, em média, o preço de seguros para homens passou de R$ 3.040 em 2021 para R$ 4.738,44 em 2022. Para mulheres, o valor médio subiu de R$ 2.725 para R$ 4.014,31.
Diretor técnico da Minuto, Manes Erlichman afirma que a disparada de preços vista agora é um movimento atípico do mercado de seguros. “Nunca tinha acontecido isso na história do mercado. Eu trabalho com seguros há 30 anos e o que aconteceu agora foi uma coisa muito atípica, e muito por conta da pandemia.”
Ele lembra que, no início da pandemia, houve na verdade uma redução dos preços dos seguros por causa da queda de sinistralidade. “Com todo mundo em casa, não tinha carro circulando na rua. Então, menos colisões, batidas, roubos.” Depois, porém, o mercado se viu diante da disparada dos preços dos carros novos e usados por conta do desajuste na cadeia produtiva que ocasionou a falta de peças, especialmente chips conhecidos como semicondutores.
Com a alta dos preços dos carros, os seguros acompanharam o movimento. “Quando as seguradoras colocam o preço, elas estão projetando que, quando elas vão indenizar aquele carro lá na frente em caso de roubo, furto ou uma perda total, ela vai indenizar o carro por determinado valor. Ela não podia imaginar que o preço do carro usado iria subir de forma tão violenta. Então, o valor do seguro acompanhou o preço do aumento dos veículos, tanto dos novos quanto dos usados”, diz Erlichman.
Apesar do retorno às atividades com a melhora da pandemia, a cadeia produtiva começou a se reajustar. Porém, Márcio de Lima Leite, presidente da associação que representa as montadoras, a Anfavea, diz que a dificuldade na obtenção de componentes eletrônicos continuará afetando o setor em 2023.
Nesse cenário, os preços dos carros seguem em alta. Em 12 meses até setembro, o automóvel novo acumula alta de 15% e o usado, de 9,2%, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apesar do aumento, no entanto, a alta vem desacelerando: em setembro de 2021, o avanço acumulado também em 12 meses era maior, de 10,75% e 8,1%, respectivamente.
Vai continuar subindo?
Mesmo com a indústria automotiva ainda sob certa pressão, Erlichman avalia que “agora, a gente já começa a perceber uma estabilização dos preços dos veículos, e isso tende a estabilizar também os preços dos seguros nos próximos meses”.
“Então, a gente espera que nos próximos meses os preços estabilizem e comecem até a cair um pouco. Não para o patamar anterior, porque vai demorar muito para os carros caírem de preço. Mas a gente já começa a ver esse mercado de carros usados, alguns modelos já com dificuldade para vender nas lojas porque os preços estão muito altos”, diz ele.
Tem saída para seguro caro?
Erlichman diz que cerca de 33% dos veículos no Brasil são segurados – uma proporção que não costuma variar, mesmo em tempos de alta de preços. O que acontece, segundo ele, é uma mudança de perfil dos produtos escolhidos.
“O que a gente observa é que em períodos em que o preço do seguro sobe um pouco mais as pessoas buscam outras soluções: ou simplificar o seguro, contratar coberturas menores para continuar cabendo no bolso dela, ou mudando de seguradora, fazendo mais cotações e procurando melhores opções. Mas a gente não vê um aumento ou diminuição da frota segurada.”
Ele diz ainda que, nos últimos meses, “o que a gente percebe é que a frota segurada envelheceu”, ou seja, “a idade média dos veículos aumentou”. “Com essa crise, as pessoas permanecem mais tempo com seus carros, ou, num momento de troca, não trocam por novos, e sim seminovos.”
Como economizar no seguro
Nesse sentido, o diretor da Minuto indica que os consumidores analisem as coberturas antes de contratar um seguro. “Muitas vezes, naquele momento em que está mais tranquilo, ele acaba contratando coberturas que, se ele parar para pensar, pode estar pagando por uma coisa que não vai usar.”
“Por exemplo: eu tenho um seguro com cobertura ilimitada de guincho, mas eu só saio com meu carro no final de semana para o litoral, quase não viajo para longe. Então, faz um seguro com 200 quilômetros para guincho, não precisa de quilometragem ilimitada. Ou então: no meu seguro eu coloco cobertura para carro reserva. Será que precisa ter o carro reserva e pagar por isso num momento em que estou mais apertado de dinheiro?”
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