Economia
Preços da energia disparam na Europa com corte de gás da Rússia
Na sexta-feira, a russa Gazprom tomou a decisão de última hora de não reativar o importante gasoduto Nord Stream.
Os preços da energia deram um salto na Europa após a decisão da Rússia de interromper indefinidamente a oferta de gás natural para o continente por meio de seu maior gasoduto. A medida, que agrava a crise na região, pode levar as maiores economias à recessão e forçar o racionamento.
Os contratos futuros de referência do gás chegaram a subir 35%, o maior ganho em quase seis meses, enquanto os preços da eletricidade também aumentaram. O corte de oferta repercutiu nos mercados, com impacto nas ações e no euro, que caiu para a mínima em 20 anos.
Na sexta-feira, a russa Gazprom tomou a decisão de última hora de não reativar o importante gasoduto Nord Stream, após três dias de manutenção. As operações deveriam ser retomadas no sábado, mas a empresa disse que um vazamento de óleo foi detectado em uma turbina a gás que ajuda a bombear o combustível para o gasoduto. Não há indicação do prazo para resolver o problema.
Políticos da Europa se prepararam há semanas para a interrupção, e agora correm para implementar medidas de emergência. Suécia e Finlândia criaram soluções temporárias no fim de semana para ajudar usinas que enfrentam exigências de garantias em uma tentativa de evitar um “momento Lehman”.
Ministros de energia europeus devem discutir propostas radicais para reduzir os preços da energia durante reunião especial na próxima sexta-feira, o que inclui tetos de preço para a gasolina e suspensão do comércio de derivativos de energia.
Inflação pressionada
A mais recente medida do governo de Moscou ameaça acelerar ainda mais a inflação, já no nível mais alto em décadas, o que leva muitas famílias à pobreza e agrava o risco de agitação social.
A União Europeia tem acumulado estoques de gás na tentativa de se preparar e conta com uma reserva para pelo menos parte do inverno. A situação pode piorar quando os estoques diminuírem, especialmente perto do final da temporada, quando aumenta a demanda por aquecimento, ou se o continente for atingido por uma forte onda de frio.
Dado o aperto no fornecimento, não se pode excluir o corte obrigatório de gás para indústrias não essenciais, disseram analistas do JPMorgan em nota.
“Claro que os preços estão em alta nesta manhã, mas em níveis que podemos considerar como ‘razoáveis’ e, o que pode surpreender, trazem otimismo”, disse em nota a EnergyScan, plataforma de análise de mercado da Engie.
Com níveis de estoque relativamente altos, evidências de queda da demanda e a possibilidade de intervenção política, “uma posição de ‘esperar para ver’ parece mais relevante”.
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