Economia

Preços no atacado aceleram, mas não sugerem pressão inflacionária

Índice de preços ao consumidor sugerem que ainda não há um repasse da alta no atacado ao cliente final. 

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A alta de 0,10% no atacado foi responsável pelo fim dos cinco meses de deflação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado nesta quarta-feira (6). Embora o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) também tenha interrompido uma longa sequência de queda, sinalizando o fim da leituras negativas, os números não sugerem pressão inflacionária. 

Crédito: © José Cruz/Agência Brasil,

“O índice como um todo segue sob controle”, resume, em comentário, o economista André Perfeito. Para ele, embora o comportamento dos preços no atacado mereça atenção, o resultado em agosto representa a primeira alta após uma série de deflações.

Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que a alta de 0,10% do IPA-DI no mês passado foi o primeiro resultado mensal positivo do ano. Ou seja, entre janeiro e julho de 2023, o indicador teve leituras mensais negativas. 

Aliás, com exceção do aumento em dezembro de 2022 ante o mês anterior (+0,32%), a sequência de quedas do IPA-DI é ainda mais longa. No caso, teria início em julho do ano passado. Tanto que o indicador acumula queda de 10,82% em 12 meses até agosto.

Acabou a queda

Ainda assim, os dados mais recentes dos preços no atacado sinalizam um fim da tendência de queda. Aliás, o economista do Rabobank, Maurício Une, observa que o IGP-M já apontava tal cenário. 

“O IGP-M ainda apresentou deflação, mas por pouco tempo”, diz. Em relatório, o economista lembra que o IGP-M caiu 0,14% em agosto, em base mensal, com os preços ao produtor (IPA-M) registrando “o que deve ser a última queda do ano”, de -0,17% ante julho. 

“A composição dos preços no atacado deverá trazer inflação ao produtor, à medida que a dinâmica de queda dos preços agrícolas perde força e os preços industriais aceleram”

economista do Rabobank, Maurício Une

Na mesma linha, Perfeito também prevê que o IPA chegou ao fundo do poço. “E, assim, devemos ver variações positivas nos próximos meses para este componente do IGP”, prevê. 

Contudo, o economista observa que a queda do grupo Alimentação (-0,84%) em agosto em relação a julho, no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), sugere que ainda não há um repasse da alta no atacado ao cliente final. 

De um modo geral, os índices gerais de preços (IGPs) da FGV têm um papel importante na economia por sinalizar eventuais pressões inflacionárias que possam surgir. Isso porque os preços no atacado representam cerca de 60% de cada IGP. Já o IPC representa 30% dos IGPs.

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