Economia
Prévia da inflação: IPCA-15 tem alta de 0,69% em junho, acima do esperado
Com o resultado, no acumulado do ano, o índice tem alta de 5,65%; nos últimos 12 meses, a taxa desacelerou para 12,04%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,69% em junho, sobre alta de 0,59% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (24).
Pesquisa da agência de notícias Reuters com economistas estimava alta de 0,62% para o período.
Com o resultado, no acumulado do ano, o IPCA-15 tem alta de 5,65% enquanto nos últimos 12 meses, a taxa desacelerou para 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2021, o índice foi de 0,83%.
Segundo o IBGE, o subitem de maior influência na taxa de junho foi planos de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado do mês.
Eduarda Korzenowski, economista da Somma Investimentos, destaca que a inflação ainda tem um núcleo em patamar elevado, de 0,89% a média, e que o índice de difusão também está alto, em 68,9%. “Esses indicadores apresentaram uma desaceleração em relação às ultimas leituras, mas eles ainda mostram uma composição da inflação bastante desfavorável”, afirma Korzenowski.
De acordo com a economista, para os próximos meses, pode haver uma queda de preços de combustíveis, causada, principalmente, pelas medidas que foram aprovadas pelo governo, mas, por outro lado, segundo Korzenowski, os recentes reajustes de combustíveis anunciados pela Petrobras podem fazer com que os impactos das medidas aprovadas sejam limitados. A economista da Somma Investimentos destaca ainda a pressão em serviços, vinda do mercado de trabalho e bens industriais bastante elevados, por causa das interrupções nas cadeias produtivas.
“De maneira geral, ainda permanece com um balanço assimétrico, riscos mais para cima da inflação, mas estamos tendo revisões para baixo, principalmente em função dessas políticas que foram aprovadas pelo governo. A expectativa é que tenha redução da inflação para este ano, mas isso se transfira em inflação mais alta para o ano que vem. Esperamos que o Copom continue elevando a Selic, fazendo mais uma alta de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, e terminaria o ciclo de alta com a taxa de juros em 13,75% ao ano”, avalia Korzenowski.
Pesos no IPCA-15
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta em junho. O maior impacto foi do grupo de Transportes, que subiu 0,84%, uma desaceleração em relação a maio (1,80%). O grupo respondeu por 0,19 p.p. no índice geral. Já a maior variação foi do grupo Vestuário (1,77% e 0,08 p.p.).
No lado das altas dos Transportes, destacam-se as passagens aéreas (11,36%), o seguro voluntário de veículo (4,20%) e o emplacamento e licença (1,71%). Também subiram de preço as motocicletas (1,66%), os automóveis novos (1,46%) e os automóveis usados (0,12%).
Outro destaque é do grupo de Saúde e cuidados pessoais (1,27%), que contribuiu com 0,16 p.p. no índice de junho, muito por conta dos planos de saúde, que sofreram reajuste de até 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio, com vigência a partir de maio de 2022 e cujo ciclo se encerra em abril de 2023. No grupo, influenciou também a alta de 1,38% nos produtos farmacêuticos, com impacto de 0,05 p.p. no índice do mês.
No grupo Habitação, que havia registrado a única queda de maio (-3,85%), a alta de 0,66% foi puxada pela taxa de água e esgoto (4,29%), influenciada pelos reajustes aplicados em três áreas: de 20,81% em Belém (11,41%), a partir de 28 de maio; de 12,89% em São Paulo (10,99%), a partir de 10 de maio; e de 4,99% em Curitiba (4,51%), a partir de 17 de maio.
Também colaborou para a alta o subitem gás encanado (2,04%), consequência do reajuste de 9,16% em Curitiba (7,98%), a partir de 18 de maio, e de 5,95% no Rio de Janeiro (3,28%), a partir de 1º de maio.
Ainda em Habitação, no lado das quedas, o destaque é energia elétrica (-0,68%). A partir de 16 de abril, passou a valer a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Desde setembro de 2021, estava em vigor a bandeira Escassez Hídrica, com acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.
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