Economia
Produção industrial no Brasil cresce 0,6% em julho, diz IBGE
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção recuou 0,5%.
A produção industrial do Brasil voltou a subir em julho, favorecida por medidas do governo, mas iniciou o terceiro trimestre a passos lentos em meio a um cenário de alta de juros, inflação elevada e restrições de oferta.
Em julho a indústria registrou avanço de 0,6% em relação ao mês anterior.
Os dados divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o setor ainda está 0,8% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 17,3% aquém do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial teve queda de 0,5%.
As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 0,7% na variação mensal e de recuo de 0,3% na base anual.
A indústria brasileira vem mostrando dificuldade de registrar uma trajetória sustentável de crescimento e pode apresentar ritmo lento no segundo semestre, quando o impacto da alta de juros começa a ser mais evidente. Para controlar a inflação, o Banco Central elevou a taxa básica Selic a 13,75%.
O setor ainda enfrenta a desaceleração da economia global. Por outro lado, o governo adotou medidas –como cortes de tributos sobre combustíveis, reduções de tarifas de importação e baixas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)– que favorecem a atividade.
“Nesses resultados (positivos ao longo do ano), observa-se a influência das medidas governamentais de estímulo e que ajudam a explicar a melhora registrada no ritmo da produção. Mas vale destacar que ainda assim a produção industrial não recuperou as perdas do passado”, destacou o gerente da Pesquisa, André Macedo.
Macedo destacou ainda que, entre as atividades, somente dez ramos industriais mostraram crescimento, enquanto 16 mostraram queda. “É um crescimento que se dá de uma forma muito concentrada nesse mês de julho”, disse ele.
Em julho, a maior influência positiva entre as atividades partiu do setor de produtos alimentícios, que cresceu 4,3%, no terceiro mês seguido de avanço na produção. Outras contribuições positivas vieram das indústrias de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,0%) e indústrias extrativas (2,1%).
Por outro lado, os recuos na fabricação de máquinas e equipamentos (-10,4%), outros produtos químicos (-9,0%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,7%) exerceram os principais impactos negativos em julho.
Entre as categorias econômicas, a produção de bens intermediários cresceu 2,2%, enquanto a de bens de consumo semi e não duráveis aumentou 1,6%.
Já os produtores de bens de consumo duráveis registraram queda de 7,8%, enquanto os de bens de capital apontaram recuo de 3,7%. Esses resultados negativos, segundo Macedo, devem-se a restrições de ofertas de insumos e componentes eletrônicos para a produção do bem final, além de problemas na demanda doméstica.
“São juros e inflação em patamares mais elevados. Isso aumenta os custos de crédito, diminui a renda disponível por parte das famílias e faz com que as taxas de inadimplência permaneçam em patamares mais elevados”, explicou ele.
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