Economia

Caminhoneiros interditam rodovias e contestam resultado da eleição

Movimento não conta com a adesão de toda a categoria.

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Caminhoneiros favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompiam ou prejudicavam o fluxo de veículos em algumas rodovias do país, nesta segunda-feira (31), para contestar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, em um movimento sem liderança clara e que não conta com a adesão de toda a categoria.

Às 16h40 desta segunda, a Polícia Rodoviária Federal contabilizava 136 ocorrências em rodovias federais no Brasil. Entre elas, o maior número se concentrava em Santa Catarina, com 37 bloqueios. Em seguida, Mato Grosso do Sul tinha 22 interdições.

Participantes dos protestos questionam a derrota de Bolsonaro e pedem intervenção militar, à medida que o presidente permanece em completo silêncio e sem reconhecer o resultado da votação até o momento, quase 24 horas após o fechamento das urnas na votação de domingo.

O movimento desta segunda-feira guarda certa semelhança com tentativas anteriores de greves nacionais da categoria, mas com sinais trocados. Nos últimos anos, grupos mais vinculados ao governo de Bolsonaro rechaçavam as tentativas de greves de motoristas insatisfeitos com os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis promovidos pela Petrobras (PETR3 e PETR4). Agora, são estes grupos ligados ao presidente que tentam emplacar uma paralisação.

As paralisações foram iniciadas na noite de domingo, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) oficializar a vitória de Lula.

Paralisações

Manifestantes queimam pneus em protesto em Várzea Grande, no Mato Grosso 31/10/2022 REUTERS/Rogerio Florentino

Manifestantes atearam fogo a pneus em trechos da BR-163 no Mato Grosso. A rodovia é uma importante rota de transporte para produtos do agronegócio do Mato Grosso em direção aos portos do Arco Norte, como o de Miritituba, em Itaituba, no Pará.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), os protestos são espontâneos e não têm organização de entidades agropecuárias.

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que se trata de uma “ação antidemocrática de alguns segmentos que não representam a categoria dos caminhoneiros autônomos de não aceitação do resultado das urnas”. A entidade havia promovido anteriormente chamados de greve contra os preços dos combustíveis.

Segundo Dahmer, a pauta permanente dos caminhoneiros “não é política, mas econômica”, o que inclui reivindicações como consolidação da tabela de pisos mínimos de fretes e redução dos preços dos combustíveis.

Procurada, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que tem diálogo mais próximo com o governo de Bolsonaro, afirmou que vai se reunir para avaliar a situação. A entidade não informou se apoia as manifestações.

A PRF afirmou em comunicado à imprensa no final da manhã que “acionou a Advocacia Geral da União em todos os estados onde foram identificados pontos de bloqueio” para obter decisões da Justiça para “garantir pacificamente a manutenção da fluidez nas rodovias federais brasileiras”.

O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, afirmou em nota oficial que os caminhoneiros não irão parar para protestar contra o resultado das eleições.

A categoria “não participa e nem participará de nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado das eleições que elegeu o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente do Brasil”, afirmou.

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