Qual é a importância do IPFS e da internet descentralizada?

Por mais que pareça que a internet seja uma rede Peer-to-Peer (P2P), ou seja, uma rede que permite que todos os pontos conectados a ela falem diretamente uns com os todos, na verdade, quando a analisamos mais de perto, não é bem isso que acontece.

A internet nos dá a percepção de que falamos ou enviamos arquivos diretamente para outras pessoas, porém, entre você enviar um mensagem e o outro ponto recebê-la, existe uma grande infraestrutura tecnológica de comunicação (cabos, satélites, etc) controlada por órgãos reguladores, associações, provedores, empresas e governos que podem e acabam intervindo em muitos momentos.

De forma bem resumida, a internet funciona basicamente em um sistema conhecido por modelo cliente/servidor.

Quando você solicita alguma ação via internet, essa ação irá consultar um servidor que possa devolver a resposta àquele pedido.

Portanto, a internet se moldou na construção de grandes servidores para armazenamento e direcionamento das informações.

Mais recentemente, vimos as famosas nuvens ganhando muito espaço no mercado e já ultrapassando a capacidade de armazenamento de arquivos digitais frente ao armazenamento pessoal, que era maior em quantidade até poucos anos atrás. 

Alguém ainda utiliza pendrive? E HD externo? 

Com os serviços de nuvem cada vez mais baratos e fáceis de utilizar, esses hardwares ficaram limitados a usos bastante específicos.

Todo esse sistema funciona muito bem, ao que se propõe, porém, deixa a desejar quando o assunto é privacidade e segurança. 

Você já se perguntou a quem pertencem todos esses serviços de nuvem? Não é à toa que são muito baratos e vem atraindo uma grande quantidade de usuários e… seus dados.

Por tudo isso, esses servidores são muito visados e se tornam pontos vulneráveis da rede que podem sofrer ataques e como são centralizados (tem um dono) também podem sofrer intervenção “top down”. Quem se lembra quando um juiz conseguiu tirar do ar o WhatsApp aqui no Brasil?

Será que é possível um sistema mais seguro e resiliente pensando na privacidade como premissa?

Isso é o que propõe o protocolo InterPlanetary FileSystem (IPFS), um modelo descentralizado de armazenamento e consulta de informações na internet.

Ao invés do sistema tradicional, esse modelo propõe que os arquivos sejam fracionados e guardados em milhares de computadores diferentes e distribuídos entre eles, ao invés dos grandes servidores.

Existe então um sistema de busca dos arquivos através de hashes, que identificam onde estão cada parte desse arquivo que estão espalhados em milhares de outros computadores e devolve ao solicitante o arquivo completo.

Tá bom, mas o que muda? O que está sendo proposto utilizando esse protocolo?

• Domínios de internet a prova de censura;
• Sites e blogs que não podem ser retirados do ar por nenhuma decisão unilateral;
• Plataformas de conteúdos que dão mais controle e segurança ao usuário.

Poderoso, não é mesmo?

Sabemos que existem grandes desafios de implementação, disponibilidade de capacidade de armazenamento e outros pela frente, mas precisamos ficar de olho, pois a proposta tem um imenso potencial de impacto.

Enquanto isso, conheça mais sobre esse protocolo: IPFS.

*Thiago Padovan é co-fundador da Blockchain Academy e co-fundador e consultor em inovação e tecnologias distribuídas no projeto Movements Network. Ele vem atuando nos últimos anos em projetos de educação, inovação e Blockchain para empresas e agências de publicidade.

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