Economia
Veja quanto você vai ganhar a mais com a isenção de IR até R$ 5 mil
E note o outro lado dessa moeda, porque não existe aumento grátis.
Resposta curta: R$ 479 por mês para quem ganha mais de R$ 5 mil. Porque a tabela atual é esta aqui embaixo. Aí é só ir tirando o que o Imposto de Renda come hoje:
Salário | Alíquota do IRPF | Imposto |
Até R$ 2.259,20 | Já era isento | R$ 0,00 |
De R$ 2.259,20 até R$2.826,65 | 7,5% | + R$ 42,55 |
De R$ 2.826,66 até R$3.751,05 | 15% | + R$ 138,65 |
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 | 22,5% | + R$ 205,57 |
De R$ 4.664,68 a R$ 5.000,00 | 27,5% | + R$ 92,21 |
Total de isenção: R$ 478,98
Passou de R$ 5 mil, segue a alíquota de 27,5% (mais sobre isso adiante). Quem ganha R$ 20 mil, por exemplo, passa a pagar R$ 4.125 de IR, contra os R$ 4.604 de antes – justamente a diferença de R$ 479.
Agora, a resposta longa. Hoje, existe uma isenção automática de R$ 564,80, feita para livrar do IR quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.824) – veja melhor no simulador da Receita.
Ou seja: para que sua base tributável fique dentro do teto de R$ 5 mil, pela regra de hoje, você pode ganhar até R$ 5.564,80.
Mas não teria lógica manter essa isenção automática. De outra forma, isso equivaleria a livrar de IR quem ganha até R$ 5.564,80 – e não foi isso que Haddad falou no pronunciamento desta quarta (27).
Então vale considerar a tabela lá em cima, a princípio. A não ser que você tire mais de R$ 50 mil – pois aí pagará mais IR (faltou o Ministro dizer quanto, e se a medida incluirá PJs).
O outro lado da moeda
Numa entrevista recente ao Estadão, Luiz Sthulberger, gestor do Fundo Verde, estimou em algo entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões o impacto para os cofres públicos dessa isenção no IR. Má notícia para um país cuja dívida pública está em 78,5% do PIB. Há 10 anos, eram 56%. Para 2029, o FMI prevê 93% – provavelmente sem que o Fundo Monetário Internacional tenha colocado essa isenção de IR na conta.
LEIA MAIS: ‘Imposto para milionários’ atingiria 15 mil pequenas empresas do Simples
A medida, que de fato reduz a desigualdade de renda, também tem outro ponto negativo na “visão macro”: ela é inflacionária. Qualquer alta nos salários que não for acompanhada por um ganho equivalente na produção de bens e serviços gera aumento de preços – passa a haver mais dinheiro em circulação do que coisas para comprar com esse dinheiro.
Não existe aumento grátis.
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