Quase 7 em cada 10 trabalhadores de aplicativos são negros, diz pesquisa

Quase sete em cada 10 entregadores de aplicativos no Brasil são negros, cerca de 68%. Os dados são de um estudo desenvolvido a partir de informações fornecidas por empresas ligadas à Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec): iFood, 99, Uber e Zé Delivery. Segundo convenção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são considerados negros aqueles que se autodeclaram pretos ou pardos.

A pesquisa apontou que existem atualmente 1,2 milhão de trabalhadores no segmento. Foram considerados assim todos os cadastrados nas bases das plataformas que fizeram pelo menos uma entrega no período entre agosto e novembro de 2022.

A absoluta maioria é do sexo masculino (97%) e tem como escolaridade mais alta o ensino médio (59%). Quanto à renda familiar, a maior parte dos trabalhadores possui ganhos de até três salários mínimos. Segundo o Critério Brasil, classificação desenvolvida pela Associação Brasileira de Pesquisa de Mercado, 83% dos entregadores estão na classe C ou inferior.

Ainda segundo o estudo, 45% dos trabalhadores possuíam uma ocupação remunerada antes de iniciar as atividades com o aplicativo, e mantiveram essas atividades em paralelo com os serviços de entregas e viagens. Outros 22% decidiram abandonar outro emprego para focar apenas no trabalho por aplicativo.

Outro grupo de destaque são aqueles que já estavam desempregados e começaram a trabalhar no aplicativo enquanto buscavam outra ocupação (26%).

O rendimento do trabalho realizado nos aplicativos varia de acordo com as horas disponibilizadas para essa atividade. As estimativas, porém, apontam para remuneração entre R$ 1.980 e R$ 3.039 para jornadas de 40 horas semanais, e entre  R$ 807 e R$ 1.325 para jornadas de 20 horas.

A pesquisa que compilou os dados é inédita e foi realizada por meio de uma parceria entre a Amobitec e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

O objetivo da pesquisa foi fornecer informações sobre uma categoria de trabalho em constante crescimento devido à popularização dos aplicativos de entregas. Além dos dados da base das empresas, foram utilizadas também entrevistas por telefone com 1.507 entregadores.