Economia

Cresce aposta em mais cortes de juros pelo Fed em 2025

Indicadores financeiros apontam a possibilidade de quatro cortes de juros de 0,25 p.p. cada em 2025

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 4 min

Sede do Fed em Washington 16/09/2008. REUTERS/Jim Young /File Photo

Os operadores americanos de títulos estão aumentado as apostas de que o Federal Reserve está prestes a sinalizar cortes mais profundos nas taxas de juros no próximo ano. Mais profundos inclusive do que o próprio mercado como um todo prevê.

Os títulos do Tesouro dos EUA pouco mudaram antes de uma redução de um quarto de ponto na taxa, que é vista como praticamente certa na quarta-feira, com foco na atualização das projeções trimestrais do Fed. Em setembro, a previsão mediana das autoridades sobre a trajetória de sua política – apelidada de gráfico de pontos – indicava um ponto percentual total de cortes nas taxas neste ano e no próximo.

No entanto, com a inflação se mostrando instável, os bancos de Wall Street começaram a prever que o Fed talvez faça um corte a menos no próximo ano, o que significa três quartos de um ponto no total. E alguns preveem que a autoridade monetária poderá fazer um corte de apenas meio ponto, um nível que está amplamente alinhado com o que os mercados de swaps estão prevendo.

LEIA MAIS: Ciclo vicioso: como o risco fiscal alimenta a alta dos juros – e vice-versa

Porém, nas opções de taxas de juros, alguns traders estão apostando que a visão do mercado é muito hawkish e que o Fed se aproximará mais do que projetou em setembro: o equivalente a quatro cortes de um quarto de ponto em 2025, levando a meta implícita da taxa dos fed funds para 3,375%.

Esses investidores podem ter em mente como os possíveis sinais de fragilidade do mercado de trabalho poderiam aumentar as apostas em uma flexibilização mais acentuada do Fed e como os títulos do Tesouro se recuperaram no início deste mês com os dados mostrando um salto inesperado na taxa de desemprego. Posteriormente, os ganhos foram revertidos, e o rendimento de 10 anos subiu cerca de 20 pontos-base este mês, sendo negociado a 4,40% na quarta-feira.

Um gráfico de pontos dovish – ou seja, leniente com uma inflação mais alta – seria “uma surpresa positiva e deveria pôr fim ao aumento constante mais recente dos rendimentos”, escreveram os estrategistas e economistas do UniCredit, incluindo Michael Rottmann, em uma nota, acrescentando que os ganhos podem ser interrompidos se Jerome Powell assumir um tom hawkish na coletiva de imprensa.

Nas opções vinculadas à Secured Overnight Financing Rate, que é altamente sensível às expectativas de política do Fed, a demanda se concentrou em apostas dovish visando o início de 2026 em estruturas que vencem no início do próximo ano. Essas posições podem se beneficiar caso as previsões de política do banco central sejam mais dovish do que os mercados esperam.

LEIA MAIS: Com juros na estratosfera, títulos IPCA+ desmoronam até 44% no ano

Junto com isso, os traders estão aumentando suas posições em futuros de títulos públicos do Tesouro americano. Os contratos que estão em aberto aumentaram para um recorde no vencimento de fevereiro, cuja precificação está intimamente ligada aos anúncios de política do Fed em dezembro e janeiro. Os fluxos recentes em torno do prazo inclinaram-se para a compra, indicando novas apostas que se beneficiariam de um corte na taxa de dezembro e, em seguida, uma flexibilização adicional precificada na decisão seguinte, em 29 de janeiro.

A atividade de alta parece ter recebido um impulso com a recomendação de compra do Morgan Stanley este mês para o contrato de fevereiro dos fed funds. Os investidores devem se posicionar para uma probabilidade maior, implícita no mercado, de um corte de um quarto de ponto em 29 de janeiro, disseram os estrategistas. Agora, há uma chance de aproximadamente 10% de que esse movimento ocorra no mês que vem, supondo que o Fed faça o que é esperado na quarta-feira (18).

Mais adiante na curva, o posicionamento permanece equilibrado, depois que os investidores passaram a se desalavancar antes da divulgação dos dados de preços ao consumidor na semana passada. A pesquisa desta semana do JPMorgan Chase & Co. mostrou que a posição neutra dos clientes foi a mais elevada em um mês, sugerindo que eles estavam tirando as fichas da mesa antes da decisão de quarta-feira e no final do ano.

Mais Vistos