Economia

Reguladores da China anunciam medidas para estabilizar mercado imobiliário e de ações

Líderes estabeleceram como prioridade principal “impulsionar vigorosamente o consumo” e estimular a demanda doméstica

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Ilustração: João Brito

Os reguladores da China prometeram intensificar os esforços para estabilizar os mercados imobiliário e de capitais, além de implementar políticas fiscais mais efetivas, após um encontro de líderes de alto escalão, em que foi defendido maior estímulo econômico.

Em conferência realizada no sábado (14), Dong Jianguo, vice-ministro do ministério da Habitação, afirmou que o governo da China vai promover a recuperação do mercado imobiliário por meio de medidas como o aumento da demanda e o controle da oferta de terrenos para novos empreendimentos.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China anunciou que vai aprimorar o monitoramento do mercado de futuros e à vista, além de fortalecer a supervisão de operações com margem, derivativos e negociações quantitativas.

O Ministério da Fazenda informou que implementará políticas fiscais mais eficazes e sustentáveis no próximo ano, com melhorias nas regulações macroeconômicas. O governo também vai aumentar a emissão e o uso de títulos especiais de governos locais, expandindo suas áreas de investimento.

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Os comentários surgem após uma reunião de dois dias da Conferência Central de Trabalho Econômico em Pequim, liderada pelo presidente Xi Jinping, onde os oficiais se comprometeram a elevar a meta de déficit fiscal para o próximo ano. Pela segunda vez em pelo menos uma década, os líderes estabeleceram como prioridade principal “impulsionar vigorosamente o consumo” e estimular a demanda doméstica.

A economia chinesa, que tem enfrentado dificuldades, apresentou uma modesta recuperação nas últimas semanas com o apoio governamental, com sinais de melhora no consumo e na atividade industrial. No entanto, a confiança geral permanece frágil, já que as políticas não têm sido suficientemente robustas para tirar o país da deflação.

Os dados divulgados na sexta-feira (13) mostram os desafios enfrentados pelos formuladores de políticas: a expansão do crédito na China desacelerou inesperadamente em novembro. Os empréstimos para a economia real caíram para o nível mais baixo para o mês desde 2009, neutralizando o impacto da emissão elevada de títulos do governo.

Mais flexibilização está nos planos. Segundo o jornal 21st Century Business Herald, a China cortará taxas de juros e o índice de reserva compulsória de forma oportuna no próximo ano, de acordo com Wang Xin, diretor do escritório de pesquisa do Banco Popular da China.

A perspectiva de maior flexibilização está provocando uma corrida para títulos governamentais. Na sexta-feira, o rendimento dos títulos chineses de 10 anos caiu para um mínimo recorde de 1,77%, enquanto os rendimentos de prazos mais longos também despencaram. Em contraste, o índice CSI 300 de ações despencou 2,4%, sua pior queda em três semanas.

O Banco Central também vai aprimorar a gestão das expectativas de taxa de câmbio e proteger-se contra possíveis choques no próximo ano. Zou Lan, chefe do departamento de política monetária, afirmou em entrevista à mídia estatal que a instituição vai “intensificar o gerenciamento de expectativas cambiais e responder vigorosamente a choques externos”.

O yuan tem apresentado queda acentuada desde meados de outubro, e voltou a recuar após um relatório de mídia sugerir que as autoridades estavam considerando permitir sua desvalorização em resposta à ameaça de uma guerra comercial com os Estados Unidos.

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