Economia
Rússia acusa Ucrânia de mudar de tom em negociações de paz e atrasar o processo
O negociador principal da Ucrânia disse na terça-feira que era difícil prever quando as conversações de paz poderiam ser retomadas.
O governo da Rússia acusou a Ucrânia nesta quarta-feira (20) de voltar atrás nos compromissos que havia assumido durante as negociações de paz e disse que isto estava tendo más consequências para o processo.
O porta-voz russo, Dmitry Peskov, disse que o ritmo das conversações deixou muito a desejar e que a bola estava no campo da Ucrânia depois que a Rússia entregou um documento para o lado ucraniano. Ele disse que a Rússia estava esperando por uma resposta.
O negociador principal da Ucrânia disse na terça-feira que era difícil prever quando as conversações de paz poderiam ser retomadas.
Prazo para rendição venceu
O mais recente ultimato da Rússia aos combatentes ucranianos em Mariupol expirou nesta quarta-feira sem nenhum sinal de rendição em massa, enquanto os russos avançavam com sua ofensiva no leste e governos ocidentais prometeram à Ucrânia mais ajuda militar.
Milhares de tropas russas apoiadas por artilharia e barragens de foguetes estavam tentando avançar no que as autoridades ucranianas chamaram de Batalha de Donbas – um esforço final da Rússia para tomar duas províncias do leste que reivindica em nome dos separatistas.
A invasão russa de quase oito semanas não conseguiu capturar nenhuma das maiores cidades da Ucrânia. A Rússia foi forçada a se retirar do norte da Ucrânia depois que um ataque a Kiev foi repelido no mês passado, mas enviou tropas de volta para um ataque no leste que começou nesta semana.
O maior ataque a um Estado europeu desde 1945 levou quase 5 milhões de pessoas a fugir para o exterior e reduziu cidades a escombros.
Nas ruínas de Mariupol, local dos combates mais pesados da guerra e da pior catástrofe humanitária, a Rússia estava atacando o último reduto ucraniano importante, a siderúrgica Azovstal, com bombas destruidoras de bunkers, disse o governo ucraniano. A Ucrânia diz que centenas de civis estão abrigados sob a fábrica.
“O mundo assiste ao assassinato de crianças online e permanece em silêncio”, escreveu o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak no Twitter.
A Rússia vem tentando assumir o controle total de Mariupol desde os primeiros dias da guerra. Sua captura seria um grande prêmio estratégico, ligando o território de separatistas pró-Rússia no leste com a região da Crimeia que a Rússia anexou em 2014.
Separatistas apoiados pela Rússia disseram pouco antes do prazo das 14h (8h em Brasília) de quarta-feira que apenas cinco pessoas se renderam, um dia depois que a Rússia disse que ninguém havia respondido a uma convocação de rendição semelhante.
A Ucrânia prometeu nunca se render em Mariupol e seu Estado-Maior disse que os combates continuam na usina.
A Ucrânia anunciou planos de enviar 90 ônibus para retirar 6.000 civis de Mariupol na quarta-feira, dizendo que chegou a um “acordo preliminar” com a Rússia sobre um corredor seguro, o anúncio mais importante de uma tentativa desse tipo em semanas. A Rússia bloqueou todas as tentativas anteriores de enviar comboios a Mariupol, incluindo um da Cruz Vermelha no final de março.
Civis conseguiram escapar para outras partes da Ucrânia apenas em seus próprios veículos, enquanto dezenas de milhares foram levados de ônibus para a Rússia no que o governo russo chama de retirada humanitária e o governo ucraniano chama de deportação forçada.
Antes uma cidade portuária próspera de 400.000 pessoas, Mariupol foi reduzida a um deserto devastado com cadáveres nas ruas e moradores confinados em porões. Autoridades ucranianas dizem que dezenas de milhares de civis morreram lá.
Enquanto isso, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido disseram que enviariam mais artilharia à Ucrânia, enquanto a Noruega disse que enviou à Ucrânia 100 mísseis de defesa aérea Mistral.