Economia
Rússia reduz ainda mais fornecimento de gás e Europa faz apelo por economia
Corte no fornecimento, sinalizado pela Gazprom, reduziu a capacidade do gasoduto Nord Stream 1, principal rota de entrega de gás russo para a Europa.
A Rússia entregava menos gás para a Europa nesta quarta-feira (27) em mais uma escalada de um impasse energético entre Moscou e a União Europeia que tornará mais difícil e mais caro para o bloco encher os estoques antes do inverno.
O corte no fornecimento, sinalizado pela Gazprom no início desta semana, reduziu a capacidade do gasoduto Nord Stream 1 – a principal rota de entrega de gás russo para a Europa – para apenas um quinto de sua capacidade total.
Na terça-feira (26), os países da UE aprovaram um plano de emergência mais fraco do que imaginado originalmente para conter a demanda por gás, depois de fechar acordos de compromisso para limitar os cortes para alguns países, esperando que o consumo menor alivie o impacto caso Moscou pare completamente o abastecimento.
O plano destaca os temores de que os países não consigam cumprir as metas de reabastecer o estoque e manter seus cidadãos aquecidos durante os meses de inverno e que o frágil crescimento econômico da Europa possa sofrer outro golpe se o gás tiver que ser racionado.
Analistas do Royal Bank of Canada disseram que o plano pode ajudar a Europa a passar o inverno, desde que os fluxos de gás da Rússia estejam em entre 20% e 50% da capacidade, mas alertaram contra “a complacência no mercado de que os políticos europeus já resolveram a questão da dependência russa do gás”.
Enquanto Moscou culpa vários problemas técnicos pelos cortes no fornecimento, Bruxelas acusa a Rússia de usar a energia como arma para chantagear o bloco e retaliar as sanções ocidentais por sua invasão da Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Gazprom está fornecendo o máximo de gás possível para a Europa, acrescentando que problemas técnicos com equipamentos são causados pelas sanções e a impedem de exportar mais.
Nesta quarta-feira, os fluxos físicos via Nord Stream 1 caíram para 14,4 milhões de quilowatts-hora por hora (kWh/h) entre 6h e 8h (horário de Brasília), ante cerca de 28 milhões de kWh/h um dia antes, já apenas 40% da capacidade normal. A queda ocorre menos de uma semana após a retomada do gasoduto em decorrência de um período de manutenção programado de 10 dias.
Políticos europeus têm alertado repetidamente que a Rússia poderia interromper completamente o fornecimento de gás neste inverno, o que levaria a Alemanha à recessão e elevaria ainda mais os preços para os consumidores e a indústria.
O preço do gás no atacado holandês para agosto, a referência europeia, saltou 9% para 205 euros por megawatt-hora na quarta-feira, cerca de 412% em relação ao ano anterior.
Klaus Mueller, chefe do regulador de rede da Alemanha, disse que o país ainda pode evitar uma escassez de gás que levaria ao racionamento. Ele fez outro apelo às famílias e à indústria para economizar gás e evitar o racionamento. “O crucial é economizar gás”, afirmou Mueller.
Veja também
- Apesar de rusgas, Brasil avança em plano para importar gás natural da Argentina
- Com seca persistente, Brasil avalia mais importações de gás natural para termelétricas no início de 2025
- Eneva obtém R$ 3,2 bilhões em oferta de ações
- Brava Energia, fusão de 3R e Enauta, embaralha o jogo das ‘junior oils’
- Representante de petroleiras critica decreto do gás: ‘insegurança jurídica para investimentos de longo prazo’