Economia
Setor global de carne e leite ‘mina’ ação climática, diz estudo
O setor gasta mais em publicidade do que em soluções climáticas, ao mesmo tempo que faz lobby contra as regulamentações, segundo o relatório da Changing Markets Foundation
As maiores empresas mundiais de carne e lacticínios não estão lidando com o impacto ambiental de seu gado e atrapalham a luta contra as alterações climáticas, segundo relatório da Changing Markets Foundation.
Das 22 empresas analisadas, 15 têm algum tipo de meta para atingir emissões-líquidas zero, mas nenhuma atende aos padrões da ONU, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira (18) pela organização sem fins lucrativos. O setor gasta mais em publicidade do que em soluções climáticas, ao mesmo tempo que faz lobby contra as regulamentações, segundo o relatório.
“A grande indústria de carne e lacticínios está basicamente seguindo a cartilha dos setores de combustíveis fósseis e tabaco para inviabilizar a ação climática”, disse em entrevista Nusa Urbancic, CEO da Changing Markets. “Eles estão minando a ação climática em todo o mundo.”
Estima-se que os rebanhos, que emitem metano, sejam responsáveis por cerca de 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, além de sobrecarregar terras e recursos hídricos. E a pecuária está atrás de outros setores em matéria de transparência, metas e esforços relacionados a emissões.
As emissões das 22 empresas analisadas em um ano superam as do Japão, disse Urbancic.
Várias empresas estão lançando aditivos para rações que suprimem o metano e trabalham para extrair biogás do estrume, como parte de esforços para reduzir as emissões. Empresas com Cargill e Nestlé estão promovendo práticas de agricultura regenerativa.
Mas a Danone, que no ano passado prometeu cortar em quase um terço as emissões de metano provenientes da produção de leite, é a única do setor com um compromisso específico para o metano, o gás de efeito estufa mais potente. Isso coloca a empresa à frente do grupo no que diz respeito à integridade científica, segundo o relatório.
Mase, no geral, as metas de emissões-líquidas zero do setor falham no teste de integridade, diz o estudo. Os planos das empresas se baseiam geralmente em compensações e práticas agrícolas regenerativas “mal definidas”, ao mesmo tempo que exageram o potencial de mitigação de soluções como os aditivos alimentares que suprimem o metano, afirmou.
“Soluções mais impactantes são a redução do número de animais e uma mudança para mais produtos vegetais”, disse Urbancic. “E não encontramos nenhuma evidência de que eles estejam realmente fazendo alguma dessas coisas.”
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