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Economia

Taxas futuras de juros sobem no Brasil com preços ao produtor acima do esperado nos EUA

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira com alta firme no Brasil, em especial entre os contratos mais curtos, refletindo o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após novos dados de inflação reforçarem a ideia de que o corte de juros nos Estados Unidos pode ocorrer mais à frente.

O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para a demanda final aumentou 0,3% em janeiro, depois de uma queda revisada de 0,1% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,1%, após uma queda de 0,2% relatada anteriormente. Nos 12 meses até janeiro, o índice subiu 0,9%, depois de ter avançado 1,0% em dezembro.

O PPI foi mais um indicador de preços, referente a janeiro, que veio acima do projetado pelo mercado. Além dele, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), divulgado na terça-feira, e o índice de preços de importação, anunciado na quinta-feira, vieram acima das expectativas do mercado, lembrou Lais Costa, analista da Empiricus Research.

“Já é o terceiro dado ruim de inflação do mês de janeiro. Então, é muito difícil não ver a postergação do corte de juros pelo Fed”, comentou Costa.

O anúncio do PPI, ocorrido às 10h30, fez o rendimento do Treasury de dez anos atingir o pico da sessão logo em seguida, às 10h41. No mesmo horário, no Brasil, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 chegou a subir quase 9 pontos-base.

Por trás do movimento estava a redução de apostas, na curva de juros norte-americana, de que o Fed cortará os juros em junho — embora esta perspectiva ainda seja majoritária.

“E o mercado ainda tem alguma probabilidade (precificada) para corte de juros (pelo Fed) em maio. Então, ainda há espaço para o juro norte-americano subir mais no curto prazo, e consequentemente subir aqui também”, avaliou Costa.

A elevação das taxas nesta sexta-feira no Brasil foi maior entre contratos de menor prazo, como o janeiro 2026 e o janeiro 2027 — dois dos mais líquidos –, justamente porque a política monetária costuma impactar mais a ponta curta da curva.

Na ponta longa — mais sujeita ao noticiário fiscal brasileiro, que anda morno — o avanço das taxas nesta sexta-feira foi menor.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,04%, ante 10,001% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,875%, ante 9,796% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,035%, ante 9,977%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,285%, ante 10,245%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,67%, ante 10,672%.

Pela manhã, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a sinalização feita pela instituição sobre cortes futuros de juros deu bom resultado até o momento.

“Até agora, dá para dizer que foi uma estratégia que se pagou, que valeu a pena”, disse durante evento do Bradesco Asset Management.

Perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 90% de chances de o corte da taxa básica Selic em março ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.

Às 16:41 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 5,70 pontos-base, a 4,2969%.

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