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Tempo vai jogar a favor do BC com redução de ruídos, diz Campos Neto

Roberto Campos Neto, Brazil's Central Bank president, speaks during a G-20 news conference at the annual meetings of the International Monetary Fund (IMF) and World Bank in Washington, DC, US, on Thursday, April 18, 2024. The International Monetary Fund inched up its expectations for global economic growth this year, citing strength in the US and some emerging markets, while warning the outlook remains cautious amid persistent inflation and geopolitical risks.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (7) acreditar que o tempo vai jogar a favor da autoridade monetária, com a perspectiva de que ruídos que tenham contribuído para o aumento das expectativas de inflação sejam dirimidos.

“A gente entende que tem alguns fatores que influenciaram as expectativas de inflação que estão ligados a ruídos que aconteceram. A gente acha o tempo vai jogar a favor do Banco Central porque parte desses ruídos vão ser dirimidos ao longo do tempo”, disse Campos Neto em evento promovido pela Monte Bravo Corretora, sem detalhar.

Ele ressaltou que a decisão do BC de deixar de oferecer uma orientação sobre os passos seguintes da política monetária se deu exatamente pelo entendimento de que o tempo é relevante para entender melhor os desdobramentos nos cenários externo e doméstico.

Segundo o chefe do BC, o Brasil vive um momento “atípico”, marcado por uma inflação corrente benigna acompanhada de expectativas do mercado para a inflação à frente que estão desancoradas.

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Ele defendeu que, mesmo que a inflação esteja convergindo para a meta, a desancoragem das expectativas precisa ser combatida pela autoridade monetária.

“É importante entender a causa da desancoragem, mas independente da causa a gente tem que lutar contra a desancoragem”, afirmou.

Campos Neto afirmou que o Brasil é um país conhecido por seus ruídos, mas que os investidores devem se atentar também aos ganhos estruturais recentes do ponto de vista econômico, que, de acordo com ele, têm se concretizado e se aprimorado.

Economistas consultados pelo BC em sua pesquisa Focus têm piorado suas expectativas para a inflação nos próximos anos, aumentando a mediana da alta dos preços para os anos de 2024, 2025 e 2026.

Nesta semana, a mediana das expectativas para 2025 — que ainda está no horizonte da política monetária atual do BC –, sofreu a quinta alta consecutiva. A inflação projetada para o próximo ano no Focus está em 3,77%, já mais distante do centro da meta perseguida pelo BC, de 3%.

O cenário é mais positivo para o BC quando o assunto é a inflação do momento.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,44% em maio, acelerando frente a abril, mas menos do que o esperado por economistas, que previam alta de 0,48%, segundo pesquisa da Reuters.

No tema das finanças do país, Campos Neto reconheceu que há grandes questionamentos do mercado em relação à consistência do arcabouço fiscal, pontuando que a retirada de amarras de gastos públicos, com a desvinculação de despesas como as com saúde e educação, seria um “choque positivo”.

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Investimentos

No evento, Campos Neto destacou a base estrutural sólida da balança comercial do país, fortalecida pela exportação de petróleo e melhora na produção de alimentos.

Ele apontou, por outro lado, que o Brasil poderia estar recebendo mais investimentos externos, dada sua vantagem competitiva na oferta de energia limpa. Também ressaltou uma “barreira grande” para o país atrair recursos financeiros devido a taxas de juros altas em países desenvolvidos.

O Brasil, disse Campos Neto, ainda assim “tem todas as condições de ser atrativo para fluxos de capitais”.

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