O presidente eleito Donald Trump alertou a União Europeia de que suas exportações serão atingidas com tarifas dos EUA, caso os estados-membros não comprem mais petróleo e gás americanos.
“Eu disse à União Europeia que eles devem compensar seu enorme déficit com os Estados Unidos por meio da compra em larga escala de nosso petróleo e gás. Caso contrário, são ‘TARIFAS’ o tempo todo!!!”, declarou ele nesta sexta-feira (20), em uma publicação na sua rede Truth Social.
Os EUA são o maior produtor mundial de petróleo bruto e o maior exportador de gás natural liquefeito. Compradores de GNL — incluindo a UE e o Vietnã — já discutiram a possibilidade de adquirir mais combustível dos EUA, em parte para evitar a ameaça de tarifas.
O déficit comercial de bens e serviços dos EUA com a UE foi de US$ 131,3 bilhões em 2022, segundo o escritório do Representante Comercial dos EUA.
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Ofensiva comercial
A UE já vem se preparado para uma ofensiva comercial desde a vitória eleitoral de Trump no mês passado.
O bloco foi amplamente pego de surpresa em 2017, quando Trump, citando preocupações de segurança nacional durante seu mandato anterior, impôs tarifas sobre o aço e o alumínio europeus. Desde então, a UE reinventou sua doutrina comercial e ampliou suas medidas, garantindo ao bloco uma gama de opções para combater práticas coercitivas.
“Estamos bem preparados para a possibilidade de que as coisas se tornem diferentes com uma nova administração dos EUA”, disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, após uma reunião do Grupo dos Sete na Itália, no fim de novembro.
“Se a nova administração dos EUA seguir uma política de ‘América em primeiro lugar’ nos setores de clima ou comércio, então nossa resposta será ‘Europa unida’.”
Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha
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GNL americano no lugar do russo
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lançou a ideia no mês passado de que as importações dos EUA poderiam substituir o consumo de GNL russo do bloco. “O GNL é um dos tópicos que abordamos”, disse von der Leyen após um telefonema com Trump. “Ainda obtemos muito GNL via Rússia. E por que não substituí-lo pelo GNL americano, que é mais barato e reduz nossos preços de energia?”
Os EUA já são o maior fornecedor de GNL para a Europa, mas as importações da Rússia permanecem solidamente em segundo lugar. Autoridades da UE estão buscando maneiras de conter o papel de Moscou enquanto a guerra na Ucrânia continua, mesmo enquanto o gás de gasoduto russo e o GNL estejam amplamente fora do escopo das sanções.
O bloco irá explorar medidas potenciais quando as autoridades discutirem um novo pacote de sanções no próximo mês, mas restrições rigorosas continuam difíceis, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, que falou sob a condição de anonimato.
No curto prazo, os EUA não têm muita capacidade para aumentar os embarques. Como o GNL é vendido por meio de contratos de longo prazo, adicionar embarques para a Europa exigiria que os compradores originais do gás concordassem em redirecioná-los à Europa — mas isso não aumentaria a quantidade exportada pelos EUA. A longo prazo, mais capacidade entrará em operação com dezenas de projetos atualmente em andamento nos EUA.
Os embarques dos EUA se mantêm estáveis ao redor de 2 milhões de barris por dia, superando fluxos de países e regiões como a Arábia Saudita e África Ocidental. Os barris dos EUA também têm se tornado cada vez mais importantes na definição do dated Brent, o principal preço mundial para determinar transações no mercado físico.