O Chile, de longe o maior fornecedor de cobre aos Estados Unidos, está em compasso de espera após declarações bombásticas do presidente Donald Trump sobre a imposição de tarifas de importação.
Na terça-feira (8), Trump surpreendeu o mercado global ao afirmar que pretende aplicar uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre — o dobro do que os analistas esperavam. A medida pode afetar diretamente o Chile e, em especial, a estatal Codelco, que responde sozinha por cerca de 350 mil toneladas do total de 700 mil toneladas de cobre refinado que os EUA compram anualmente. O Chile, como um todo, exporta aproximadamente 500 mil toneladas desse volume.
Questionado sobre o anúncio, o Ministério das Relações Exteriores do Chile afirmou que ainda não foi emitida nenhuma ordem executiva e que não há decisão formal no âmbito da investigação conduzida pelo Departamento de Comércio dos EUA. O presidente do conselho da Codelco, Máximo Pacheco, também disse ser cedo para tirar conclusões.
Analistas acreditam que a declaração de Trump pode ter cunho mais estratégico do que prático. “O grande elefante na sala é o Chile”, disse Ben Hoff, chefe de pesquisa de commodities do Société Générale. Para ele, a dificuldade de substituir o cobre chileno pode indicar uma jogada de negociação por parte do governo americano.
Pacheco também apontou duas incertezas centrais: se haverá isenções por país e se a tarifa se aplicará tanto a produtos semielaborados quanto ao metal refinado. “Os EUA precisam desse cobre, e o Chile continuará disposto a fornecê-lo”, afirmou.
O governo chileno participou de consultas públicas no âmbito da investigação americana e disse que segue em contato com as autoridades técnicas dos EUA.