Economia

Trump virou líder isolado numa bet popular dos EUA; isso explica por que apostar em eleições é proibido no Brasil

Um único apostador elevou o candidato, que nas pesquisas segue empatado com Kamala. Por aqui, o STF baniu a prática em setembro

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O ex-presidente e candidato presidencial republicano de 2024, Donald Trump, faz um discurso de abertura no terceiro dia da conferência Bitcoin 2024 no Music City Center em 27 de julho de 2024 em Nashville, Tennessee. (Foto: Jon Cherry/Getty Images)

Kamala Harris e Donald Trump estão empatados – cada um com 48% dos votos, pelas pesquisas mais recentes da NBC. Mas na Polymarket, uma bet americana que recebeu US$ 1,2 bilhão em apostas em outubro, a história é outra: o ex-presidente lidera com 62%, contra 38% da vice de Biden. 

O avanço de Trump ali é recente. Até setembro, os dois estavam cabeça a cabeça ali também. Desde o início de outubro, porém, o Republicano começou a abrir vantagem. 

Elon Musk, Trumpista fiel, chegou a postar no X, no dia 6 de outubro, que os sites de apostas “são mais certeiros que as pesquisas, já que existe dinheiro de verdade em jogo”.

Mas tudo indica que o movimento é artificial. Tudo começou com a injeção de US$ 30 milhões em apostas na vitória de Trump. O dinheiro veio de apenas quatro contas, e elas provavelmente pertencem à mesma pessoa – de acordo com uma investigação da Arkham Intelligence, companhia de análise de dados que examinou as contas.

Aí restam as hipóteses: ou temos um apostador particularmente arrojado, ou um apoiador de Trump com bolsos fundos, a fim de gastar US$ 30 milhões para criar um buzz em torno de seu candidato – o que deu certo, já que a alta de Trump no site de apostas bombou nas redes sociais (vide Elon) e na grande imprensa americana também. 

É justamente por isso que apostas no resultado de eleições foram proibidas no Brasil. 

LEIA MAIS: Posso fazer apostas sobre quem vai ganhar as eleições?

As leis que permitiram a proliferação de bets no Brasil, promulgadas em 2018 e em 2023, não deixavam claro se apostar no resultado de eleições era permitido ou não. E várias bets tinham essa modalidade. 

Em setembro deste ano, porém, o STF deu um basta. Colocou no papel que esse tipo de aposta configura crime eleitoral

Natural: um candidato rico o bastante poderia encher as maiores bets com apostas nele mesmo, transformando-se em favorito – e teríamos aí um caso de “abuso de poder econômico”.

Outro problema: o eleitor teria uma motivação financeira para votar nesse ou naquele candidato – por exemplo: dar seu voto para o líder das pesquisas para tentar uma “aposta segura”, sem fazer avaliação alguma sobre a pessoa para quem está dando seu voto. Uma distorção canhestra do próprio sistema eleitoral.

(com informações do Wall Street Journal)

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