Economia
Vice-presidente do BC do Japão descarta alta de juros enquanto instabilidade nos mercados persistir
Dirigente disse que volatilidade poderia “obviamente” mudar a trajetória de aperto monetário
O vice-presidente do Banco do Japão, Shinichi Uchida, disse nesta quarta-feira (7) que o banco central do país não elevará os juros quando os mercados estiverem instáveis, minimizando a chance de um aumento de curto prazo nos custos de empréstimos.
As falas de Uchida, que contrastaram com os comentários mais rigorosos contra a inflação do presidente da autoridade monetária japonesa, Kazuo Ueda, na semana passada, quando o Banco do Japão aumentou sua taxa de juros, impulsionaram as ações japonesas e fizeram com que o iene caísse acentuadamente.
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Uchida disse que a intensa volatilidade do mercado na última semana poderia “obviamente” mudar a trajetória de aumento dos juros se isso afetar as projeções econômicas e de preços do banco central e a probabilidade de o Japão atingir de forma duradoura sua meta de inflação de 2%.
“Como estamos observando uma forte volatilidade nos mercados financeiros nacionais e internacionais, é necessário manter os níveis atuais de afrouxamento monetário por enquanto”, disse Uchida em um discurso para líderes empresariais na cidade de Hakodate, no norte do Japão.
“Pessoalmente, vejo mais fatores surgindo que exigem que sejamos cautelosos em relação ao aumento dos juros”, disse Uchida, uma autoridade vista como o cérebro da formulação da política monetária do Banco do Japão, em uma coletiva de imprensa após o discurso.
Os comentários vieram na esteira dos sinais de Ueda na semana passada de que haverá mais aumentos nos juros, o que alguns operadores apontaram como causa de uma enorme reversão das operações de “carry trade” com o iene.
Uchida disse que o recente fortalecimento do iene afetará a tomada de decisões do banco central, porque reduzirá a pressão de alta dos preços de importação e, portanto, sobre a inflação geral.
A volatilidade do mercado de ações também influenciará suas decisões ao afetar a atividade empresarial e o consumo, acrescentou.
“Ao contrário dos bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa, não estamos em uma situação em que acabaríamos ficando atrás da curva, a menos que aumentássemos os juros em um ritmo definido”, disse Uchida.
“Não aumentaremos os juros quando os mercados financeiros estiverem instáveis”, disse ele no discurso.
O dólar tinha alta de 1,94% em relação ao iene, a 147,10. O índice Nikkei fechou em alta de 1,19% nesta quarta-feira, a 35.089 pontos.
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