Finanças
Ações de frigoríficos sobem na B3, de olho em peste suína na África
Especialista aponta expectativa de aumento da demanda da China pela proteína animal do mercado brasileiro.
As ações de empresas do setor de proteína animal apresentaram forte alta na B3 no início desta quinta-feira (16), mas foram desacelerando os níveis ao longo da sessão. Entre os maiores avanços, a Marfrig chegou a subir mais de 10% na máxima do dia. Investidores ficaram de olho em notícias sobre casos de peste suína na África, o que deve aumentar a demanda de proteína animal da China em mercados como o Brasil.
Veja como as ações encerraram o pregão:
Empresa | Ação | Variação (em %) | Cotação (R$) |
Marfrig | MRFG3 | 2,82 | 7,66 |
JBS | JBSS3 | 3,79 | 19,98 |
BRF | BRFS3 | 0 | 6,69 |
Minerva | BEEF3 | 2,16 | 11,33 |
Sidney Lima, analista da Top Gain Research, afirma que “os frigoríficos fazem um forte movimento de alta repercutindo um aumento considerável de animais doentes por conta de peste suína africana lá na China“.
“Tem impacto direto na produção de suínos por lá. Dado esse fato, é natural e esperado que a China aumente a procura por proteína do mercado brasileiro.”
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, aponta que, caso se confirme o surto de peste suína, vai haver redução da oferta de proteína animal como um todo na China.
“O consumo de carne suína é grande no país e uma redução do rebanho vai levar a um aumento significativo da proteína, tornando outros tipos mais atrativos – frango é mais barato e pode se beneficiar, e a carne bovina é mais cara que a carne suína e vai se tornar mais competitiva”, compara ele. “Os frigoríficos são diversificados em relação a oferta de proteína, mas vão se beneficiar porque a China vai precisar importar mais para suprir a demanda interna.”
Casos passados
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, lembra que, da última vez em que foi detectado um caso de peste suína na China, “cerca de 30% da produção de carne no país foi dizimada, o que é muita coisa”.
“Ninguém sabe se vai ser igual como foi da última vez, mas se for, vamos ter um aumento de demanda para países como o Brasil para exportar mais carne. É uma situação bem séria, ainda mais se os impactos forem grandes como foi da última vez. E isso acaba favorecendo as empresas exportadoras de carne no Brasil”, explica Brasil.
Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica, lembra que, “no último surto mais grave, em 2018 e 2019, a pecuária chinesa sofreu prejuízos ao redor de US$ 100 bi, devido à morte de 43 milhões de porcos, pela doença ou que tiveram que ser abatidos para impedir o avanço do contágio”.
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