Finanças
Ações precisariam cair mais para precificar uma recessão nos EUA
Investidores estão aguardando o início oficial da temporada de balanços do segundo trimestre para ver se o crescimento dos lucros pode enfrentar a inflação e as restrições de oferta.
Os investidores do mercado de renda variável americano ainda apostam que a economia dos EUA evitará uma recessão, mesmo com o aperto monetário agressivo do Federal Reserve e outros bancos centrais para controlar a inflação mais aquecida em décadas.
O índice S&P 500 caiu até 1,6% na quarta-feira após a divulgação de um salto nos preços ao consumidor nos EUA em junho, mas depois apagou as perdas e era negociado acima de 3.800 pontos.
No ano, o índice registra queda de cerca de 20%. Mas para chegar a um nível que precificaria uma contração econômica nos EUA, precisaria cair mais de 5% do atual patamar, para 3.586 pontos, segundo a Bloomberg Intelligence.
Os investidores dizem que estão se preparando para mais dor à frente, depois de um dos piores semestres em décadas. A inflação persistente reforça as probabilidades de que o Fed aumente juros em 0,75 ponto percentual no final deste mês e novamente em setembro, o que alguns estrategistas temem que possa interromper a expansão econômica do país.
A questão-chave para os investidores é “quão grande será a recessão, se ocorrer”, disse Scott Knapp, estrategista-chefe de mercado da CUNA Mutual Group, em nota. “Muitos sugeriram que provavelmente será curta e superficial devido à força do mercado de trabalho e dos consumidores. As probabilidades estão aumentando de que uma mais severa seja necessária para derrotar a inflação nesses níveis”.
Economistas do Bank of America se juntaram ao Investment Institute, Wells Fargo e Nomura na expectativa de uma recessão nos EUA já em 2022. O BofA prevê uma desaceleração “leve”, dizendo que os gastos com serviços estão diminuindo e a inflação alta está levando os consumidores a recuar.
Os investidores estão agora aguardando o início oficial da temporada de balanços do segundo trimestre na quinta-feira, quando o JPMorgan e outros grandes bancos começam a divulgar resultados, para ver se o crescimento dos lucros pode enfrentar a inflação e as restrições de oferta.
No segundo trimestre, espera-se que os lucros das empresas do S&P 500 subam apenas 3,5% em relação a um ano atrás, lideradas pelos setores de energia, indústrias e matérias-primas, enquanto os setores de finanças e consumo devem apresentar as maiores quedas, de acordo com estrategistas da Bernstein. Excluindo energia, os lucro do S&P 500 cairiam 5,3%, disse a gestora.
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