Finanças

Americanas sobe forte na B3 após credores aprovarem plano de recuperação

Bradesco, Itaú Unibanco, BTG Pactual e Santander passarão a deter 48,2% da empresa, por conta da conversão da dívida em ações no montante de R$ 12 bilhões.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 4 min

A Americanas (AMER3) registra forte alta na bolsa brasileira após os credores da varejista aprovarem o pano de recuperação judicial na noite de véspera. Às 13h16 desta quarta-feira (20), os papeis subiam 3,33%, cotados a R$ 0,93.

No dia anterior, as ações da varejista fecharam em queda de 5,26% (R$ 0,90) – antes da aprovação do plano.

Cerca de 91,1% dos credores aprovaram o acordo após mais de seis horas de discussão, enquanto, em termos de volume de dívida com a Americanas, 97,2% dos credores deram aval para o plano – a empresa precisava de maioria em ambos os cenários. O resultado já era esperado, uma vez que a Americanas, ao longo das últimas semanas, vinha anunciando a obtenção de apoio dos principais credores, como Bradesco, Santander, Itaú e Safra.

Americanas (Foto: Divulgação)

O plano precisa agora ser homologado pela Justiça, o que deve acontecer a partir do dia 8 de janeiro, no retorno do recesso do Judiciário. Feito isso, a companhia tem um período de dois anos para executar.

Em resumo, os credores aprovaram a injeção de R$ 12 bilhões pelo trio de bilionários e acionistas de referência da companhia, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, além de R$ 12 bilhões em conversão de dívida em ações da empresa.

Do aporte do trio, R$ 1,5 bilhão já foi injetado, enquanto outros R$ 3,5 bilhões serão aportados em até 15 dias após a data de homologação do plano. Com isso, Lemann, Telles e Sicupira passarão podem chegar a uma participação de 49,3% na companhia, ante os atuais 30,01%. E isso tende a diluir a participação dos acionistas minoritários, segundo os advogados que os representam.

Demais credores, como Bradesco, Itaú Unibanco, BTG Pactual e Santander, passarão a deter 48,2% da empresa, por conta da conversão da dívida em ações no montante de R$ 12 bilhões.

No aporte, serão emitidas novas ações da companhia, cada uma a um preço de R$ 1,30, um prêmio de 44% em relação ao preço de fechamento de terça.

A proposta aprovada pelos credores também inclui a obrigação da Americanas de vender a cadeia de hortifrúti Natural da Terra e sua participação de 70% na Uni.Co, que opera franquias como Puket e Imaginarium. A capitalização deve reduzir a dívida da Americanas para R$ 1,9 bilhão.

As vendas da unidade digital da Americanas e da fintech Ame também são possibilidades, mas elas não são obrigatórias pelo plano.

Segundo o administrador judicial, credores trabalhistas e pequenas empresas não participaram da votação, uma vez que não houve alteração nas condições de pagamento acertadas com as partes, que representam menos de 1% da dívida da Americanas.

Balanço postergado

Antes da aprovação do plano de recuperação, a Americanas resolveu adiar novamente a divulgação dos resultados de 2023 (março – junho – setembro).

Segundo a varejista, a melhor estimativa é de divulgar seu balanço até 31 de janeiro de 2024, segundo fato relevante.

Para o especialista em transformação de negócios, Sandro Magaldi, o futuro da companhia vai depender da habilidade para reconquista da confiança de clientes e fornecedores e integração de lojas físicas com o e-commerce.

“Além de reconquistar a confiança dos clientes, que dispõem atualmente de inúmeras ofertas de competidores internacionais relevantes como Mercado Livre e Amazon, a companhia terá que reconquistar os fornecedores, que naturalmente estão preocupados com a solvência da Americanas no curto prazo”.

Magaldi aponta ainda que a rede física da varejista, que no passado era um diferencial, é muito mais um custo do que fonte de receita. “Os gestores precisarão ter muita habilidade nesta integração [físico e digital], que precisa dar sentido ao todo”.

Com Reuters

Mais Vistos