Finanças
Após balanço da Hapvida, ação HAPV3 despenca mais de 30%
A ação da Hapvida (HAPV3) teve forte queda nesta quarta-feira (1º), chegando a despencar mais de 36% na mínima do dia. O mercado repercute a divulgação do balanço do 4º trimestre de 2022 da empresa. O papel HAPV3 fechou em queda de 32,74%, a R$ 3,02.
A perda de valor e mercado da empresa chegou a passar de R$ 11 bilhões, o que equivale a perder duas empresas em um único dia, segundo dados do TradeMap. Isso porque o montante perdido se equipara à soma dos valores de mercado da Odontoprev (R$ 6,1 Bilhões) e Dasa (R$ 5,0 bilhões).
Balanço decepciona
Na noite de terça-feira (28), a empresa anunciou que registrou queda de 56,1% no lucro líquido ajustado no quarto trimestre de 2022 ante mesmo período do ano anterior, em meio a maiores despesas e taxa de sinistralidade.
A companhia teve lucro líquido ajustado de R$ 161,4 milhões. Sem ajustes por amortização de marcas e patentes e carteiras de clientes, bem como relacionados a incentivos de longo prazo a executivos, a empresa teve prejuízo de R$ 316,7 milhões, revertendo lucro de R$ 200,2 milhões um ano antes.
“Não há muito o que comemorar”, afirmaram analistas do Citi. “É verdade que as expectativas já eram baixas, mas os números ficaram abaixo de nossas estimativas abaixo do consenso, o que não é um bom presságio para a visibilidade daqui para frente e pode levar a outro ciclo de revisões para baixo (nas expectativas)”.
Já os especialistas do Itaú BBA destacaram que “os resultados do 4T22 da Hapvida mostraram tendências consideravelmente piores do que o esperado, principalmente
para rentabilidade”.
“O custo por beneficiário continuou a aumentar de forma sequencial, apesar do enfraquecimento sazonalidade do quarto trimestre; o crescimento do ticket médio não foi suficiente para compensar essa tendência. O EBITDA ajustado reportado foi ajudado por um evento pontual relacionado a G&A (despesas gerais e administrativas)”, acrescentou o relatório, apontando ainda que “a empresa não conseguiu entregar maior geração de caixa no trimestre”.
A Hapvida, que vem acumulando aquisições nos últimos anos, comprou a Intermédica no início de 2022 e vem integrando suas operações desde então, com analistas de olho no impacto do negócio nas linhas de despesas. A ação acumula queda de 11,6% neste ano, após diversos bancos assumirem perspectivas mais negativas para a companhia.
Sinistralidade preocupa
A sinistralidade caixa do grupo foi de 72,9% no trimestre, uma melhora de 0,1 ponto percentual ante o trimestre imediatamente anterior e uma piora de 8,1 pontos na base anual. A Hapvida afirmou no relatório de resultados que o indicador segue impactado por “maiores frequências de utilização, sazonalidade desfavorável, além de patamares mais altos de sinistralidade nas empresas recém-adquiridas”.
Em relatório, especialistas da Ativa Investimentos afirmaram que “o ponto de atenção continuará sendo na sinistralidade e quanto a Hapvida conseguirá normalizar desses
índices”.
“Os dados desse trimestre apontaram para mais uma frequência de utilização elevada e, portanto, não demonstram melhoras marginais que nos façam ter um otimismo com a empresa nesse momento”, acrescentaram os especialistas.
Na mesma linha, os analistas Guilherme Vianna e Luis Assis, da Genial Investimentos, também destacam que “a sinistralidade continua sendo um ponto de atenção para a tese de curto prazo”.
“Nesse sentido, reiteramos nossa preocupação com a mudança de hábitos relacionados ao cuidado com saúde da população brasileira, que pode significar um patamar de sinistralidade em equilíbrio mais alto que o anteriormente observado para as operadoras de saúde. Ainda assim, com a capacidade de crescimento de receita demonstrada pela Hapvida, caso o nível de utilização dos planos se normalize, podemos esperar melhora nesse indicador“, disseram em relatório.
“Reiteramos nossa recomendação de manter com um corte no preço-alvo para R$ 5, dadas revisões nas projeções de médio-prazo para a companhia, e uma deterioração do cenário macroeconômico do Brasil”, finalizaram os analistas da Genial.
Planos da empresa
O presidente-executivo, Jorge Koren de Lima, disse em teleconferência com analistas nesta quarta que a empresa vai acelerar verticalização de suas operações e reforçar reajustes de preços de seus planos como forma de melhorar suas margens de lucro, mas a recuperação será gradual.
“Este ano, em especial, vamos ter uma disciplina maior em reajustes de tíquetes”, disse o executivo. “Vamos privilegiar ao longo deste ano vendas mais verticalizadas, em que temos mais controle sobre as operações e menor nível de exposição à rede credenciada, nas cinco regiões brasileiras.”
Segundo o diretor financeiro da companhia, Mauricio Fernandes Teixeira, a expectativa da Hapvida é que o governo autorize reajustes de dois dígitos no setor, da ordem de 10% a 20%.
(* com informações da Reuters)
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