O Bitcoin ultrapassou US$ 88 mil (R$ 507 mil) pela primeira vez, impulsionado não só pelas sinalizações favoráveis a ativos digitais pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, mas também pela perspectiva de um Congresso com legisladores bastante pró-criptoativos.
Trump foi declarado o vencedor no Arizona, marcando a vitória dos sete estados mais disputados do campo de batalha eleitoral dos EUA. Sua vitória decisiva na eleição presidencial levou o setor de ativos digitais a comemorar, gastando mais de US$ 100 milhões em doações para apoiar uma série de candidatos favoráveis às criptomoedas.
“O Bitcoin continua a desafiar as expectativas ao estabelecer novos máximos”, disse Chris Newhouse, diretor de pesquisa da Cumberland Labs. “O mercado está se movendo como se finalmente percebesse que estaremos em um mercado de alta inegável pelos próximos anos.”
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As ações de empresas relacionadas a criptomoedas também subiram. O proxy de Bitcoin MicroStrategy ganhou 26% e a exchange de criptomoedas dos EUA Coinbase saltou 20%. As mineradoras de criptomoedas MARA Holdings e Riot Platforms subiram 29% e 17%, respectivamente.
Os traders de opções de Bitcoin já estão de olho em um preço histórico de US$ 100 mil (R$ 576 mil) para a criptomoeda. Os investidores estão alinhando apostas de que o Bitcoin passará o marco já no final deste ano, de acordo com dados da exchange de opções de criptomoedas Deribit.
A agenda de Trump
Durante a campanha, Trump prometeu colocar os EUA no centro do setor dos ativos digitais, incluindo a criação de um estoque estratégico de Bitcoin e a nomeação de reguladores entusiatas dos ativos digitais. No momento, os investidores empolgados estão dando pouca atenção a questões como a velocidade da provável implementação ou se um estoque estratégico é uma possibilidade realista.
Sua agenda mais ampla de estímulo ao crescimento econômico doméstico, cortes de impostos e redução da burocracia alimentou uma onda de compras de ações, crédito e criptomoedas. O índice de ações S&P 500 atingiu na semana passada seu 50º recorde este ano.
O Bitcoin aumentou cerca de 95% até agora em 2024, ajudado pela forte demanda por fundos dedicados negociados em bolsa dos EUA e cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve. O aumento do token, que também atingiu novos recordes após a votação de terça-feira (5) nos EUA, excede os retornos de investimentos como ações e ouro.
Os ETFs, alimentados pelo iShares Bitcoin Trust de US$ 35 bilhões da BlackRock Inc., registraram uma entrada líquida diária recorde de quase US$ 1,4 bilhão na quinta-feira (R$ 5,80 bilhões), de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Um dia antes, o volume de negociação do ETF iShares saltou para um pico histórico – todos os sinais de como a vitória de Trump está remodelando a criptografia.
Demanda institucional
“Acreditamos que uma parte significativa do mercado institucional se retirou do risco na preparação para a eleição e agora está entrando novamente após a vitória de Trump, criando uma pressão de compra material – isso provavelmente continuará por algum tempo”, disse Richard Galvin, fundador da empresa de investimentos focada em criptografia DACM.
A postura de Trump contrasta com a repressão aos ativos digitais durante o governo do presidente Joe Biden. O presidente da Securities & Exchange Commission, Gary Gensler, rotulou repetidamente o setor como repleto de fraudes e má conduta. A agência passou a controlar as criptomoedas após uma derrota no mercado em 2022 e uma série de colapsos, principalmente a falência da bolsa FTX fraudulenta de Sam Bankman-Fried.
As empresas de ativos digitais gastaram muito durante a campanha eleitoral para impulsionar candidatos vistos como favoráveis aos seus interesses. Diante desse cenário, Trump deu uma reviravolta, tornando-se um defensor de um setor que ele rotulou como uma fraude.
“Trump prometeu apoiar a regulamentação, e a vitória na Câmara e no Senado torna muito mais provável a aprovação de projetos de lei sobre criptomoedas”, escreveu Noelle Acheson, autora do boletim informativo Crypto Is Macro Now.
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