Finanças
Bitcoin bate US$ 60 mil e se aproxima de máxima histórica, com analistas prevendo mais avanço
Aprovação de ETFs, aproximação do halving e cenário macro são apontados como fatores por trás da alta.
Depois de disparar em 2023 e cravar o posto de melhor investimento do ano, o bitcoin (BTC) continua subindo e bateu nesta quarta-feira (28) a marca de US$ 60 mil dólares, no maior valor desde novembro de 2021.
O avanço da principal criptomoeda do mercado a deixa perto de seu recorde histórico. Segundo dados do Investing.com, o preço recorde foi atingido em 10 de novembro de 2021, quando o BTC bateu US$ 68.990,60.
“A demanda de investidores institucionais por ETF de bitcoin nos EUA foi o maior gatilho da última onda de alta nos mercados de criptomoedas”, afirma especialista Günay Caymaz. “Essa demanda continua excedendo em muito a quantidade diária que os mineradores de bitcoin estão minerando.”
Juliana Schlesinger Felippe, gerente de parcerias empresariais da Paxos no Brasil, concorda que esse é o principal fator, e diz: “quando você pensa num mercado tradicional, a aprovação de um ETF mostra claramente a aprovação, a validação e a inclusão do bitcoin como um ativo super importante e estratégico”.
O analista Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, também cita os ETFs de bitcoin como fator de impulso para a criptomoeda, e acrescenta que “o bitcoin é atrelado ao mercado norte-americano. E o mercado norte-americano performando bem, subindo, o bitcoin acompanha esse cenário”.
Mas há ainda uma questão técnica no radar do mercado há alguns meses: o halving do bitcoin, procedimento que faz com que a criptomoeda tenha uma oferta fixa e imutável. Ele irá acontecer neste ano e “vai fazer com que o bitcoin se torne cada vez mais escasso, e, em cenário de escassez, o valor sobe”, como explica Cohen.
O economista Bruno Corano aponta que “os efeitos do halving vão seguir impactando na moeda provavelmente ainda por alguns meses”. “Vão existir só 21 milhões de bitcoins. E a imensa maior parte já foi emitida. Os 2,5 milhões de bitcoins que faltam são o limite”, explica.
Além de todos esses fatores, André Vasconcellos, vice-presidente do conselho Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), aponta que o avanço nos preços do bitcoin e outros criptoativos “pode ser devido a um aumento nas transações e investimentos, o que pode impulsionar a demanda” num movimento potencializado por “melhorias na segurança, escalabilidade e funcionalidade, que podem aumentar a confiança dos investidores e atrair mais interesse”.
Projeções
Para Cohen, “a expectativa é que ele continue assim, se valorizando mais”. Por análise gráfica, o especialista aponta que a projeção é de que o bitcoin consiga romper a barreira da máxima histórica.
“Sinceramente, eu acho que até o final do ano dá para chegar a US$ 100 mil”
Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos
Para Caymaz, as expectativas também são de alta, e ele cita dois fatores: o halving e o esperado corte das taxas de juros nos Estados Unidos. “Se a demanda por bitcoin continuar nos níveis atuais após o halving em abril, isso significará que a diferença entre a quantidade diária de bitcoin produzida pelos mineradores e a demanda aumentará ainda mais”, explica ele sobre o primeiro ponto.
“Como fator externo, a elevada expectativa de que os principais bancos centrais, especialmente o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), entrem no processo de redução das taxas de juros este ano alimenta o aumento do apetite ao risco. Isso surge como um efeito secundário que catalisa a ascensão das criptomoedas”, complementa.
De qualquer forma, para o longo prazo, Corano ainda aponta as incertezas no radar. “Acho que a grande pergunta que a gente tem que fazer é quando tiver exaurido a emissão de moeda. Como vai se comportar uma cryptocurrency que é descentralizada – ou seja, não tem dono – e que vai chegar um momento que não tem mais emissão? O mercado vai aceitar pagar cada vez mais por ela de uma forma infinita? São perguntas que a gente não tem as respostas ainda.”
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