Finanças
BofA aponta que papel dos bancos públicos deve ser maior em 2023
Caixa Econômica Federal deve ter maior probabilidade de ser usada como ferramenta monetária do que o Banco do Brasil, apontou o banco.
O Bank of America (BofA) apontou em relatório divulgado na última semana que o papel dos bancos públicos deverá ser maior em 2023.
Para os analistas Mario Pierry e Flavio Yoshida, os bancos públicos devem se tornar mais ativos com o governo eleito. A dupla de analistas reiterou que a participação de mercado destas instituições atingiu um pico de 57% em 2016, mas caiu para os atuais 43%.
A dupla enfatizou que a equipe de transição de Lula apontou para um uso mais intenso dos bancos públicos para estimular o consumo e impulsionar a atividade econômica.
“Lembramos que o PT utilizou os bancos públicos como parte da agenda populista do partido e contou com medidas mais heterodoxas para promover a inclusão social. Nesse período, os bancos do setor público foram utilizados de forma mais ativa para estimular a economia, reduzir os spreads de crédito e promover determinados setores”, apontou o banco.
Além disso, a equipe do BofA reiterou que a Caixa Econômica Federal deve ter maior probabilidade de ser usada como ferramenta monetária do que o Banco do Brasil.
O banco público tem 150 milhões de clientes (mais de 90% da população adulta do Brasil), quase 27 mil pontos de atendimento, além de já ser usado para distribuição de benefícios sociais e ter uma forte posição de capital.
Veja outras perspectivas para o segmento financeiro em 2023:
Mudança na estrutura tributária
A reforma tributária é o principal objetivo para o primeiro semestre de 2023, dada a frágil situação fiscal do governo federal, apontou o BofA.
A proposta pode eliminar o benefício fiscal do Imposto sobre operações de crédito (IOC), o que pode reduzir o resultado do setor bancário em cerca de 18%, se não for compensado por uma redução na alíquota do imposto corporativo.
O banco de investimento destacou que, embora as propostas anteriores de reforma tributária tenham atenuado esse impacto com alíquota de imposto corporativo mais baixa, a estimativa é que isso pode não acontecer no próximo governo, devido ao rigor fiscal.
Deterioração da inadimplência
Os índices de inadimplência atingiram níveis historicamente baixos após os programas de renegociações e o auxílio emergencial do governo federal durante a pandemia de covid-19, apontaram os analistas.
Mesmo assim, o índice de inadimplência do setor já se encontra próximo aos níveis históricos e o BofA enxerga uma deterioração gradual ao longo dos próximos trimestres. “Vemos o número de pequenas e médias empresas com empréstimos atrasados aumentando desde o início de 2022, enquanto o saldo de grandes empresas atrasadas permanece abaixo dos níveis pré-pandemia”.
Tendências positivas de margem
O banco espera que a geração de receita dos bancos permaneça forte em 2023, mais do que compensando os encargos de provisão mais altos relacionados à deterioração da qualidade dos ativos.
Em particular, o NII (margem financeira) com clientes deve ser suportado por margens mais altas, já que os NIMs (margem líquida de juros) estão correlacionados positivamente com a taxa Selic com aproximadamente um ano de defasagem. Lembrando que o BCB elevou a taxa Selic de 9,25% no final de 2021 para 13,75% atualmente.
Mudança de estratégia entre os bancos digitais
Os downloads dos bancos 100% digitais dispararam durante a pandemia, de acordo com o BofA. Os novos entrantes se beneficiaram de baixos custos de financiamento e ampla liquidez global.
No entanto, taxas mais altas pressionaram os custos de captação e a liquidez secou, e, para 2023, segundo o banco de investimento, o foco da gestão será para a rentabilidade, ao invés do crescimento da base de clientes como ocorri até então.
A expectativa é que esses bancos mudem sua estratégia de crescimento para lucratividade. O BofA frisou ainda que também não seria surpresa se houvesse um aumento de consolidação entre eles.
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