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Finanças

Bolsa fecha em queda discreta hoje, mas encerra o ano com alta de 2,92%

Embora o índice não superou a máxima do ano de 119,527 pontos no fechamento, o Ibovespa chegou aos 120.149,85 pela primeira vez nesta quarta-feira

Ultimo dia de pregão no Ibovespa, acabou 2020 o ano mais conturbado da história do mercado de capitais. Como diz o ditado ‘mar calmo não faz bons marinheiros’, então para os corajosos que seguraram o coração e os nervos desde a mínima do ano de 61.690,53 pontos (em março) até aqui: Parabéns!

Esta quarta-feira (30), foi um dia de ventos favoráveis, nos Estados Unidos mas também aqui no mercado interno.

O Ibovespa chegou pela primeira vez na história a superar os 120 mil pontos no começo das negociações, na sua máxima intradia de 120.149,85 por volta das 10h19.

O índice foi puxado pelo otimismo em Wall Street – de olho na expectativa de definir um aumento nos cheques de auxílio dos EUA de US$ 600 para US$ 2 mil, que poderia beneficiar famílias com renda inferior a US$ 300 mil- e a aprovação da vacina da AstraZeneca/Oxford para uso emergencial no Reino Unido. Esta é também a principal opção do governo brasileiro que também já debate o seu possível uso emergencial em produção feita pela FioCruz.

As bluechips como siderúrgicas, bancos e Vale chegaram a valorizar com força, mas viraram para o negativo realizando ganhos puxando também o Ibovespa. O índice da B3 fechou em queda discreta de 0,33%, a 119.017,24 pontos nesta quarta-feira (30).

Embora o índice não superou a máxima de 23 de janeiro, de 119,527, no fechamento, pelo menos conseguiu encerrar o ano no azul após o cataclismo provocado pela pandemia do coronavírus.

Quem vê euforia também precisa lembrar das lágrimas, essas que caíram dos investidores quando o índice da B3 despencou até os 61.690,53 pontos. Tudo isso após sofrer seis circuit breakers e comer o pão que o diabo amassou com a crise do petróleo internacional.

No Brasil, os investidores venderam suas posições em petrolíferas, a Petrobras (PETR4) chegou a cair 64,81%, no intervalo de 20 de fevereiro até o dia 18 de março, puxando junto o Ibovespa. Em março, o barril Brent desvalorizou 59% e o WTI 63,22%, por causa da decisão da Opep+ de cortar a produção de petróleo afetou o mercado. A Rússia não acatou a decisão e a Arábia Saudita, maior exportador da commodity, decidiu então reduzir os preços e aumentar a produção.

Além de algumas crises políticas entre estas a saída do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro do governo em abril.

Reviva os melhores momentos do Ibovespa nesta reportagem

Nesta semana, o Ibovespa subiu 1,03%, acumulando elevação de 9,30% em dezembro e terminando 2020 com alta de 2,92%, no quinto ano seguido de valorização, série que se iguala à sequência de 2003 a 2007.

Em Wall Street, os índices americanos também perderam o fôlego pela demora na aprovação do aumento nos cheques. No entanto, as bolsas americanas fecharam em alta antecipando um panorama econômico melhor em 2021, na esteira de programas de vacinação contra a Covid-19. O S&P 500 subiu 0,26%, Dow Jones avançou 0,40% e o índice Nasdaq valorizou 0,21%.

O índice de atividade industrial ISM Chicago veio melhor do que esperado no mês de dezembro.

Na Europa foi um dia negativo apesar do otimismo em relação a aprovação da vacina da AstraZeneca. As bolsas encerraram o dia no vermelho, em meio ao aumento do temor com o avanço da covid-19. A maior queda foi da bolsa de Londres (FTSE 100) que caiu 0,71% a 6.555,82 pontos.

O Reino Unido decidiu expandir para mais regiões as restrições à circulação de pessoas anunciadas recentemente, para tentar conter a disseminação da nova variante do coronavírus. A cautela superou o otimismo com o avanço da ratificação do pacto pós-Brexit no Parlamento britânico e a conclusão de um acordo de investimentos entre a União Europeia e a China.

Destaques do dia

Entre os destaques positivos desta quarta-feira (30) subiram Cielo (CIEL3) com alta de 5,82%. Seguida das companhias do kit coronavírus Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3) que avançaram 4,33% e 4,31%, respectivamente.

No lado oposto do Ibovespa recuaram siderúrgicas e bancos realizando os ganhos de hoje. Usiminas (USIM5) foi a maior queda do dia, com desvalorização de 3,12%. Caiu também o Banco Santander (SANB11) com baixa de 2,99% e a Via Varejo (VVAR3) que recuou 2,35%

Ibovespa em 2020

A melhor ação do ano foi da CSN (CSNA3), que valorizou 125,73%. Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos, explicou ao InvestNews que a companhia se beneficiou do aumento da demanda do aço e minério de ferro.

Quando a China aumenta a sua demanda por minério de ferro, as siderúrgicas chinesas elevam também o preço do aço. Em consequência, no Brasil as siderúrgicas reajustam o preço local para equiparar com o valor internacional, o que favoreceu também as companhias brasileiras.

Além da valorização do aço e do minério de ferro, a CSN disparou com a melhora nos fundamentos financeiros da companhia, entre eles seu ebitda (que indica o potencial de geração de caixa). Em dezembro, a empresa projetou que seu endividamento para 2021 vai diminuir para a proporção de 2 vezes dívida liquida/ebitda.

Os investidores também estão de olho no IPO da unidade de mineração que deve ocorrer em 2021. Segundo Benjamin Steinbruch, presidente-executivo da empresa, o IPO da CSN Mineração pode acontecer já na primeira semana de janeiro.

Na 2ª posição de 2020, está a Weg (WEGE3) que acumulou ganhos de 119,47%. A companhia foi considerada pelos investidores como um “porto seguro” durante a crise.

Segundo Cavalheiro, a Weg construiu um histórico de decisões estratégicas e rápida adaptação às tendências do mercado, o que a consagrou entre os investidores.

Durante a pandemia, a Weg também consolidou sua liderança com a boa gestão de custos e despesas. A fabricante de equipamentos industriais surpreendeu o mercado ao lucrar R$ 644,24 milhões no terceiro trimestre, um salto de 54% em relação ao mesmo período em 2019.

“Um dos acertos da Weg foi priorizar na sua produção a mudança de matriz energética”, afirma o gestor. A companhia privilegiou a produção de veículos elétricos e a conversão de motores tradicionais para este sistema. Outra vantagem competitiva foi mergulhar na geração de energia eólica com a produção de aerogeradores. Para Cavalheiro, estes movimentos destravaram o preço da ação.

Ainda no mês de dezembro, a Weg comemorou duas novidades: a aquisição da fábrica de Transformadores e Serviços de Energia das Américas (TSEA), localizada em Betim (MG). E voltar a integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE).

E na terceira posição está outra queridinha do mercado, é o caso da PetroRio (PRIO3) com alta de 112,31% em 2020.

A companhia saltou quase 8.000% nos últimos cinco anos e se tornou a preferida entre as petrolíferas, considerada por muitas casas de análise como a nova Petrobras.

Entre suas principais vantagens competitivas, está a eficiência de produção. A PetroRio compra campos maduros de petróleo e reduz drasticamente os custos de extração por meio do seu sistema de “tieback” – um processo para compartilhar a mesma infraestrutura na extração de petróleo de dois campos vizinhos, utilizando um FPSO, um navio que recebe e armazena óleo. Estratégia que será aplicada também nas suas novas aquisições de Wahoo e Itaipu com chance de aumentar a sua produção em até 50% em 2021.

A PetroRio também valorizou este ano com a recuperação nos preços do petróleo internacional. Durante a crise, o barril Brent chegou a ser negociado a US$ 22,76, atualmente a cotação do petróleo Brent e WTI se aproxima de US$ 52. Segundo apontam as principais casas de análise, as commodities devem viver “miniciclo de alta” nos próximos dois ou três anos.

Veja as cinco melhores ações de 2020:

AçãoValorização no ano
CSN (CSNA3)125,73%
Weg (WEGE3)119,47%
PetroRio (PRIO3)112,31%
Magazine Luiza (MGLU3)109,66%
Bradespar (BRAP4)66,43%

A pior ação de 2020

A pior ação do Ibovespa em 2020 é o grupo ressegurador IRB Brasil (IRBR3), que acumula queda de 76,89%.

Alexandre Jung, head de renda variável da Vero Investimentos, lembra que foram inúmeros os conflitos de governança que levaram o IRB Brasil a se tornar uma nova companhia, bem menos rentável da que conhecíamos nos anos anteriores.

A crise do IRB começou em fevereiro com uma carta da gestora Squadra que questionava o balanço da empresa, o que gerou um sinal de alerta no mercado. Seguindo a linha de tempo dos conflitos, alguns executivos que integravam o núcleo de Relações com Investidores da companhia apontaram que a Berkshire Hathaway, gestora de Warren Buffet, estaria interessada em investir no IRB. Fato que foi desmentido pelo próprio Buffet em março, provocando uma queda abrupta nas ações da companhia.

Deste então e apesar das tentativas de se reestruturar, o IRB Brasil sofre diversos ataques do mercado que criticam sua governança e o nível de sinistralidade da empresa.

Confirmando a crise da resseguradora, no mês de outubro, o banco UBS alterou o preço-alvo das ações de R$ 48 para R$ 4,60, alegando uma baixa governança comprovada. Jung explica que antes da pandemia o lucro esperado por ação do IRB era de R$ 1,75, mas no novo modelo de precificação foi reduzido para 0,35 centavos.

Outro baque foram os dividendos. No passado muitos investidores incluíram IRB na carteira na esperança de receber bons proventos. Porém, agora foram reduzidos para o patamar de 14 centavos ao ano. “Isso se traduz num dividend yield de 2%, que é semelhante à taxa Selic atual, fato que acabou afastando ainda mais os investidores”, explica.

Jung reforça a importância de entender que hoje o IRB Brasil é uma nova companhia, muito distante dos tempos de glória do passado, embora não exista risco de recuperação judicial.

Veja as cinco piores ações do Ibovespa em 2020:

AçãoQueda no ano
IRB Brasil (IRBR3)– 76,89%
Cogna (COGN3)– 59,49%
Embraer (EMBR3)– 55,14%
Cielo (CIEL3)– 52,03%
CVC (CVCB3)– 50,06%

Bolsas americanas

Os índices acionários dos Estados Unidos fecharam em alta nesta quarta-feira, com investidores antecipando um panorama econômico melhor em 2021, na esteira de programas de vacinação contra a Covid-19 e expectativas de ainda mais suporte fiscal.

O S&P 500 subiu 0,26%, Dow Jones avançou 0,40% e o índice Nasdaq valorizou 0,21%.

Bolsas na Europa

As bolsas da Europa fecharam o penúltimo pregão do ano em baixa, em meio ao aumento do temor com o avanço da covid-19. O Reino Unido decidiu expandir para mais regiões as restrições à circulação de pessoas anunciadas recentemente, para tentar conter a disseminação da nova variante do coronavírus. A cautela superou o otimismo com o avanço da ratificação do pacto pós-Brexit no Parlamento britânico e a conclusão de um acordo de investimentos entre a União Europeia e a China.

O índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,34%, a 400,25 pontos, à medida que a liquidez se reduz e os investidores ajustam os portfólios antes do Ano Novo.

O FTSE 100, por sua vez, caiu 0,71% em Londres, a 6.555,82 pontos. No Reino Unido, o governo decidiu expandir o fechamento do comércio não essencial para mais regiões do país, em uma tentativa de conter a nova variante do coronavírus, que se espalha 70% mais rápido. O temor com a escalada da pandemia no curto prazo superou o otimismo com a autorização do governo britânico para o uso emergencial da vacina de covid-19 produzida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

“Vamos continuar tendo esse ‘puxa-empurra’, vacina versus vírus, política versus economia, por um tempo ainda”, afirma Altaf Kassam, chefe de estratégia de investimento da State Street Global Advisors na Europa.

No Parlamento do Reino Unido, o acordo comercial pós-Brexit foi aprovado por ampla margem na Câmara dos Comuns e segue agora para a Câmara dos Lordes. Nesta quarta, o pacto também foi assinado formalmente pelos líderes de Bruxelas e de Londres. O Parlamento Europeu já aprovou provisoriamente o acordo e deve fazer uma análise mais completa em janeiro.

O bloco comum, por sua vez, concluiu as negociações de um acordo de investimentos com a China. O texto prevê acesso a mercados e compromissos ambientais. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o mundo pós-pandemia precisará de uma “relação forte” entre Bruxelas e Pequim para “avançar melhor”.

O presidente do país asiático, Xi Jinping, por sua vez, afirmou que o pacto demonstra a determinação da China em aumentar a abertura econômica.

  • Em Paris, o CAC 40 fechou em baixa de 0,22%, aos 5.599,41 pontos, puxado pelos papéis da Airbus (-1,96%).
  • O índice FTSE MIB, da Bolsa de Milão, por sua vez, caiu 0,12%, a 22.232,90 pontos, na mínima do dia.
  • Em Frankfurt, o índice DAX recuou 0,31%, para 13.718,78 pontos. As ações da Allianz perderam 0,68% e as da BMW recuaram 0,60%.
  • Já em Madri, o Ibex 35 registrou queda de 0,22%, a 8.154,40 pontos. As ações do Liberbank caíram 3,69%, após o banco anunciar uma fusão com o Unicaja.
  • E em Lisboa, o índice PSI 20 teve perda de 0,20%, a 4.921,78 pontos.

*com Reuters e Agência Estado

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