Finanças
Bolsa sobe 1,7% com trégua política e seguindo alta das bolsas americanas
Tom “conciliador” de Bolsonaro agradou os investidores
O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 1,70% aos 95.983 pontos, nesta quinta-feira (25). A bolsa de valores ignorou o aumento de casos de Covid-19 no mundo, ontem (24) foram confirmadas 45 mil novas infecções por coronavírus nos EUA, superando o mês de abril, especialmente nos estados de Texas, Florida, Califórnia e Arizona.
Pesou mais no desempenho do índice, os sinais de trégua política entre o presidente Jair Bolsonaro e José Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Em discurso, durante evento nesta quinta-feira, Bolsonaro adotou tom conciliador e reforçou que o Brasil vive um momento de “entendimento e cooperação” entre os poderes.
No cenário externo, as bolsas americanas subiram com força após declaração da Comissão Federal de Depósitos de Segurança sobre tornar mais simples para os bancos o processo de investimento em fundos. Com isso os investidores ficaram de olho nos testes do Federal Reserve em bancos como Bank of America, JP Morgan, Citigroup, Morgan Stanley, entre outros. A alta das ações destas instituições financeiras impulsionou também o bom desempenho das bolsas americanas, que dispararam no final do pregão. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram entre 1% e 1,2%.
Com todos esses acontecimentos, o dólar inverteu o ritmo de alta e fechou em queda de 0,06%, cotado a R$ 5,327. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,372.
Entre as ações mais negociadas do dia os bancos lideraram o desempenho do dia. As ações do Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) avançaram 2,40% e 1,20%, respectivamente.
Os papéis da Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) também subiram 2,24% e 1,10%, apesar da nova onda de infecções pela Covid-19. Já a Via Varejo (VVAR3) recuou 0,21% nesta quinta-feira.
Destaques da Bolsa
Entre os destaques positivos do dia subiram CCR (CCRO3) e a Ecorodovias (ECOR3), com alta de 9,03% e 5,75%. A alta das ações da Ecorodovias foi na contramão tráfego de veículos leves e pesados que recuou 19,7%.
Subiram também as ações da WEG (WEGE3), com alta de 6,88%. Recentemente a companhia adquiriu uma startup focada em inteligência artificial para a indústria. Entre as maiores altas do dia também estava a Gol (GOLL4), que fechou em alta de 4,99% após tratativas com o governo para que este compre R$ 100 milhões em passagens da companhia. A expectativa é que até semana que vem o BNDES conclua o programa de apoio financeiro às aéreas.
Ainda durante o dia a Cielo (CIEL3) voltou a subir e fechou em alta de 3,62%. A notícia de que o Whatsapp está em conversa com o Banco Central para viabilizar os pagamentos, além da recompra de até 2.595.332 ações ordinárias impactaram nos papéis da companhia.
Entre os destaques negativos recuaram: as ações da CVC (CVCB3), Braskem (BRKM5) e Sabesp (SBSP3), com queda de 2,56%, 1,68% e 1,33%, respectivamente. Apesar da aprovação do novo marco de saneamento na quarta-feira (24). as companhias do setor tiveram uma reação tímida.
Indicadores
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) ficou próximo da estabilidade, com alta de 0,02% em junho, após ter recuado 0,59% em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mediana do mercado era negativa de 0,05%.
O Banco Central promoveu forte corte em sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. A expectativa para a economia este ano passou de zero (0,00%) para retração de 6,4%. A nova estimativa consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado pela manhã.
Entre os componentes do PIB para 2020, o BC alterou de alta de 2,9% para 1,2% a projeção para a agropecuária, o único que ainda apresenta projeção positiva. No caso da indústria, a estimativa passou de -0,5% para -8,5% e, para o setor de serviços, de zero para -5,3%.
Do lado da demanda, o BC reduziu a estimativa do consumo das famílias, de +0,8% para -7,4%. No caso do consumo do governo, o porcentual projetado foi mantido em +0,2%.
O documento indica ainda que a projeção de 2020 para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – foi de -1,1% para -13,8%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em março.
2º trimestre
O Banco Central reafirmou por meio do RTI que “indicadores recentes sugerem que a contração da atividade econômica no segundo trimestre será ainda maior”. De acordo com o BC, “prospectivamente, a incerteza permanece acima da usual sobre o ritmo de recuperação da economia ao longo do segundo semestre deste ano”.
Estas avaliações já constaram na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira, 23. Ao avaliar o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2020, o BC repetiu que o resultado “confirmou a sua maior queda desde 2015, refletindo os efeitos iniciais da pandemia”.
No câmbio, a moeda americana já devolveu parte dos ganhos iniciais com os investidores precificando a aprovação do marco do saneamento pelo Senado, que pode atrair investimentos privados e de players estrangeiros no setor, e os leilões de linha com recompra até US$ 1,5 bilhão nesta manhã, disse um operador de câmbio.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam com ganhos superiores a 1%, após um pregão volátil. Os mercados ganharam mais força à tarde, com o setor financeiro puxando o movimento após uma medida de alívio regulatório para bancos nos Estados Unidos.
Com isso, o índice Dow Jones fechou em alta de 1,18%, a 25.745,60 pontos, o S&P 500 avançou 1,10%, a 3.083,76 pontos, e o Nasdaq registrou alta de 1,09%, a 10.117,00 pontos. No S&P 500, o subíndice do setor financeiro liderou as altas (+2,71%), seguido pelo do setor de energia (+1,92%). Os papéis do Wells Fargo ganharam 4,79% e os do Goldman Sachs, 4,59%.
“As ações se consolidaram nesta quinta-feira, com o dilúvio das manchetes negativas da covid-19 ofuscado pela notícia de que os reguladores dos EUA relaxarão a Regra Volcker e permitirão que os bancos aumentem os investimentos em fundos de capital de risco”, comenta a diretora de estratégias cambiais da BK Asset Management, Kathy Lien.
Antes do anúncio sobre o setor bancário, o mercado acionário operava com cautela diante do aumento das infecções por covid-19 em Estados americanos que começaram cedo o processo de reabertura econômica. O governador do Texas, Greg Abbott, anunciou hoje que o estado vai pausar o processo de reabertura econômica por causa do aumento dos casos de coronavírus e de hospitalizações observados nos últimos dias.
A Capital Economics informou hoje que os novos surtos de covid-19 nos EUA representam um risco descendente para suas estimativas dos preços das ações listadas no S&P 500. “Mesmo assim, suspeitamos que a recente retração no S&P 500 terá vida curta, a menos que o aumento de novos casos comece a pesar bastante na economia”, afirma John Higgins, analista da consultoria britânica, em relatório.
Na visão da analista Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, “provavelmente, veremos uma correção para baixo mais profunda nos principais índices de ações”, devido ao avanço da pandemia.
Os investidores também mantém no radar a relação entre os EUA e a China. Hoje, o Senado americano aprovou uma legislação que prevê sanções a autoridades e empresas chinesas envolvidas na aplicação da lei de segurança nacional em Hong Kong. O projeto ainda precisa passar pela Câmara dos Representantes antes de ir à sanção de Trump.
Após o fechamento do mercado, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou os resultados de um teste de estresse do setor bancário dos EUA, no qual concluiu que os bancos estão preparados para suportar os impactos da crise. A instituição, no entanto, informou que vai reduzir o pagamento de dividendos e suspender as recompras de ações no terceiro trimestre do ano.
*Com informações da Agência Estado