Finanças
Ibovespa acumula queda de 4,79% em setembro; dólar fecha em R$ 5,61
Embate entre os dois candidatos às eleições gerou tensão, enquanto no Brasil o mercado ainda monitorava os desdobramentos do Renda Cidadã.
A bolsa brasileira terminou no vermelho pelo segundo mês seguido. O Ibovespa, índice de referência da B3, acumulou queda de 4,79% em setembro, mesmo após esboçar uma reação quarta-feira (30), em linha com as bolsas do exterior. O mercado repercutiu o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden na corrida presidencial dos Estados Unidos. No Brasil, os dados positivos sobre o mercado de trabalho ajudaram a manter o bom humor, embora o mercado ainda monitorava os desdobramentos sobre o Renda Cdadã.
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O principal índice da B3, o Ibovespa, fechou em alta de 1,09% nesta quarta-feira, aos 94.603 pontos. Foi o segundo mês seguido de queda acumulada do indicador, após retração de 3,44% em agosto.
No trimestre, passou do positivo em julho (+8,27%) ao negativo em agosto e setembro, acumulando em três meses leve perda de 0,48%, após salto de 30,18% no segundo trimestre, quando havia saído de 73.019,76 pontos em 31 de março para 95.055,82 pontos em 30 de junho, o melhor desempenho trimestral desde os últimos três meses de 2003.
Já o dólar comercial terminou negociado a R$ 5,6120, caindo 0,51%. No mês de setembro, a moeda acumulou valorização de 2,37%. A moeda americana já sobe 40% e o real segue com o pior desempenho no mercado internacional, na frente da lira turca, onde o dólar tem alta de 30%.
Nos nove meses de 2020, a moeda dos Estados Unidos só caiu em dois – maio e julho. Profissionais das mesas de câmbio destacam que a deterioração fiscal do Brasil e os juros muito baixos estão entre os fatores que seguem deixando o câmbio pressionado. Na reta final de 2020, as eleições americanas devem manter o dólar em alta no mercado internacional.
A guinada das bolsas hoje veio de indicações do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, que alimentaram a expectativa do mercado por um acordo sobre estímulos fiscais ainda nesta semana – o impulso, contudo, foi perdendo força ao longo do dia, com ganhos na faixa de 0,74% (Nasdaq) a 1,20% (Dow Jones) no fechamento.
O relativo otimismo deixou em segundo plano o acirrado debate Trump-Biden da noite anterior, recebido por analistas políticos como um fenômeno sem precedentes na concorrida vida republicana dos EUA. Aqui, o mercado aproveitou o bom humor externo para esquecer um pouco a recém-descoberta relação entre precatórios, Fundeb e Renda Cidadã, que pode agravar a situação fiscal.
Destaques da Bolsa
A elevação no rating da CSN (CSNA3) para outperform (performance acima da média) pelo Credit Suisse fez as ações da companhia subirem 7,70%, entre as maiores altas do Ibovespa. Enquanto isso, os papeis da Raia Drogasil (RADL3) subiram 6,79% após a empresa comunicar um plano para 2021 de abrir mais 240 lojas.
Entre as ações com maior peso no Ibovespa, as preferenciais da Petrobras (PETR4) avançaram 1,55%, sustentadas pelo otimismo com o julgamento do STF que irá deliberar sobre a venda de suas refinarias.
Risco fiscal
O mercado avaliou o tom do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao defender o auxílio emergencial. “É dinheiro na veia do povo”, disse ele, em recente almoço com líderes de partidos. Também monitorou a reunião do presidente Jair Bolsonaro com Guedes e ministros da Casa Civil, Braga Netto, e da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira.
A taxa de desemprego no Brasil subiu para 13,8% no trimestre encerrado em julho, de acordo com os dados do IBGE, o maior nível desde o início da série histórica. Em agosto, o país criou 249.388 empregos com carteira assinada, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É o melhor resultado do ano e está acima do saldo de agosto do ano passado, de 121.387 postos.
Lá fora, os Estados Unidos criaram 749 mil empregos no setor privado em setembro, acima da previsão (+600 mil vagas). Além disso, a criação de empregos de agosto foi revisada para melhor, de 428 mil para 481 mil. Mas esses dados são insuficientes para reverter as perdas nos futuros das bolsas de Nova York, enquanto o dólar segue em alta frente seus pares principais e mistos frente moedas emergentes.
Bolsas globais
As bolsas europeias fecharam na maioria em baixa, em dia de fortes oscilações, com sinalizações diferentes ao mercado. Por um lado, há a expectativa pela aprovação de um novo pacote de estímulos pelo Congresso dos Estados Unidos. Pelo outro, as incertezas após o debate presidencial no país e o aumento de casos de coronavírus na Europa. A exceção foi Lisboa, que teve ganhos na sessão. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou nesta quarta-feira em baixa de 0,11%, a 361,09 pontos.
As bolsas asiáticas não tiveram sinal único nesta quarta-feira, mas Xangai e Tóquio recuaram, com investidores atentos à política dos Estados Unidos, com um debate duro entre Donald Trump e Joe Biden, e também a riscos à perspectiva com a covid-19, bem como a indicadores da China.
A Bolsa de Xangai fechou em queda de 0,20%, em 3.218,05 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 0,05%, a 2.249,63 pontos. O pregão chinês foi o último antes de um feriado prolongado, com mercados fechados no país.
Na agenda de indicadores, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) oficial da indústria da China aumentou de 51,0 em agosto a 51,5 em setembro, acima da previsão de 51,2 dos analistas. O PMI de serviços subiu de 55,2 em agosto a 55,9 em setembro. Já o PMI da indústria chinesa elaborado pela IHS Markit e pela Caixin caiu de 53,1 em agosto a 53,0 em setembro, embora continue confortavelmente acima da marca de 50, que aponta para expansão nessa pesquisa.
Principais destaques das bolsas
As bolsas dos EUA fecharam em alta:
- S&P +0,78%
- Dow Jones +1,20%
- Nasdaq +0,74%
As bolsas europeias fecharam mistas:
- Frankfurt (DAX) -0,51%
- Londres (FTSE 100) -0,53%
- Paris (CAC40) -0,59%
- Madri (IBEX35) +0,04%
As bolsas asiáticas fecharam mistas:
- Nikkei -1,50%
- Shanghai -0,20%
- Hang Seng +0,79%
*Com Estadão Conteúdo