Finanças

Lucro do Bradesco despenca 72% no 4º tri, com efeito Americanas

Na comparação anual entre 2021 e 2022, o banco teve baixa de 54,7%.

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O Bradesco (BBDC4) registrou queda de 72,4% do lucro líquido contábil no 4º trimestre em relação ao mesmo período anterior, a R$ 1,4 bilhões ante R$ 5,2 bilhões. Na comparação com o mesmo período de 2021, o resultado do banco teve baixa de 54,7%.

O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (9) e veio bem abaixo do esperado para o último trimestre – a projeção média de analistas consultados pela Refinitiv era de R$ de 4,4 bilhões.

Assim como o Itaú, o Bradesco informou que provisionou 100% dos montantes que seriam devidos por “recentes eventos (…) ocorridos no início de 2023”. “A Administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o lucro do 4T22″, disse o banco em comunicado. 

No dia 19 de janeiro, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da varejista Americanas (AMER3), com dívidas de mais de R$ 40 bilhões. O Bradesco figura na lista dos credores com exposição de R$ 4,51 bilhões. O banco informou nesta quinta que fez uma provisão extraordinária de R$ 4,9 bilhões para cobrir sua exposição total à Americanas.

O lucro do 4º trimestre do Bradesco é o pior resultado trimestral do banco desde o 3º trimestre de 2006, quando o banco teve R$ 219 milhões de lucro. O dado é o TradeMap e não considera correção pela inflação.

No ano fechado, o Bradesco lucrou R$ 21,9 bilhões, uma queda de 5,5% em relação ao resultado de 2021.

Carteira de crédito e inadimplência

A carteira de crédito expandida teve aumento de 1,5% do 3º para o 4º trimestre de 2022, de R$ 878 bilhões para R$ 891 bilhões. Em 12 meses, o crescimento foi de 9,8%.

Na comparação com 2021, a expansão da carteira de crédito foi de 10%, com destaque para o avanço de 28% do avanço do segmento de cartão de crédito.

Já o indicador de inadimplência acima de 90 dias encerrou o 4º trimestre em 4,3%, acima dos 3,9% dos três meses anteriores e os 2,8% do final de 2021.

O Bradesco afirma que o aumento da inadimplência e das despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) foi puxado pelo “pelo provisionamento do caso específico ocorrido no 4T22”, sem citar nominalmente a Americanas, e pelo próprio crescimento da carteira de crédito, “aliado ao mix de riscos e às condições específicas de mercado”.

Reação do mercado

Minutos após a divulgação dos números, os papéis do Bradesco negociados no exterior recuavam mais de 6% no after market.

Em seus balanços, Itaú e Santander também mostraram os efeitos de Americanas sobre os números trimestrais. Mas André Fernandes, head de renda variável e sócio A7 Capital, destaca que o Bradesco foi o mais afetado entre os concorrentes, apresentando resultado bem abaixo do esperado.

“Não fosse o provisionamento de Americanas, o banco teria entregue um lucro líquido acima da expectativa do mercado, mas olhando as outras linhas, o resultado foi ruim, a inadimplência continua alta, e o ROE, que figurava entre os melhores junto com Itaú, acabou decepcionando”, diz o especialista, em referência ao indicador sobre retorno sobre o patrimônio.

O Retorno Anualizado sobre PL Médio (ROAE) foi de 3,9% no 4º trimestre, uma queda na comparação com o mesmo período anterior, de 13%. Em 2021, o ROAE foi de 17,5%.

Fernandes também cita que “a inadimplência continua sendo a maior dentre os seus concorrentes”. “Com isso Bradesco, em comparação com Itaú e Santander, obteve o pior resultado do 4° trimestre de 2022.”

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