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China, EUA, pandemia: os maiores riscos para 2022, segundo Eurasia

Em relatório sobre os maiores riscos geopolíticos para 2022, a Eurasia Group apontou que a pandemia ainda é um problema – mas de CEP.

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Em seu último relatório sobre os maiores riscos geopolíticos para 2022, a Eurasia Group apontou que a pandemia causada pela covid-19 não é mais vista como um risco global como apontado em relatório um ano antes. Porém, o vírus ainda é um problema – mas de CEP. E isso significa que o fim da covid-19 vai depender da região geográfica. Quanto mais rico for o país, mais próxima do fim ela está.

Na maioria dos países, em especial na China, a dificuldade em ter populações altamente vacinadas além de tratamentos que previnem mortes ainda é grande. Além disso, um alarme paradoxal está sendo tocado no país asiático, já que com sua política de tolerância zero para o vírus – bem sucedida em 2020 – está agora enfrentando uma variante muito mais transmissível e com vacinas não tão eficazes.

E para a Eurasia, a política chinesa vai falhar e levar a surtos maiores da doença, lockdowns bem mais restritivos e consequentemente, terá uma economia mais fragilizada, aumentando o risco de estagnação econômica.

Com isso, empresas brasileiras que exportam para a China ficam a mercê da política de Xi Jinping. Vale pontuar que a China se manteve como o principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por mais de 31% das exportações brasileiras em 2021 e por 21,7% das importações. Estados Unidos e Argentina vem em sequência.

“Grande parte do crescimento que o Brasil teve nos últimos anos se deve a China. E uma parcela expressiva dos produtos que o Brasil vende para a China são as commodities, como, minério de ferro e aço, além das commodities agrícolas, como carne, soja, além de papel e celulose ” – aponta o estrategista chefe da Avenue, nos EUA, William  Castro  Alves. Segundo o analista, é esperado que a China continue em crescimento em 2022, mesmo que em ritmo menos acelerado como em anos anteriores.

“Os players que se beneficiam de China são aos mais tradicionais, como, siderurgia, papel e celulose, mineração, setor alimentício e agrícola”, pontua.

Cenário americano e as ‘midterm elections’

Mas segundo Alves, nunca a relação China e EUA esteve tão ruim. E este é um ponto de atenção e preocupação em 2022 por que pode afetar o crescimento econômico do mundo.

“Há uma deterioração na relação China e EUA como uma potencial ‘draga’ de crescimento. Se estes dois países resolverem realmente brigar e aumentar sua guerra fria 2.0, isso talvez afete o crescimento global e seria ruim para o Brasil”.

William  Castro  Alves, estrategista chefe da Avenue, nos EUA

A Eurasia também prevê que a desinformação tende a piorar em 2022, bem às vésperas das “midterms elections” – que são as eleições que definirão quem estará na Câmara e no Senado americano. E isso pode minar ainda mais a confiança dos americanos no processo democrático.

O aguardado, até então, é que os Republicanos retomem o controle da Câmara e do Senado, o que acaba tendo diversas implicações. O presidente norte americano Joe Biden – do partido democrata – poderá vir a ter total oposição, o que dificultará na aprovação de medidas que ele defende.

Olhando para Wall Street, durante as trocas de governo ou mesmo durante essas eleições no meio do mandato, a bolsa americana nunca foi impactada – pelo menos no médio e longo prazo, aponta o estrategista da Avenue. “Logo, para o investidor brasileiro que pretende se expor ao mercado americano seja via BDRs, como fundos de investimento, este não deve ser um risco”.

“Diferentemente do Brasil, nos EUA, o dinheiro dos americanos não fica refém de uma reforma, não fica refém de um presidente ou pela fala de um ministro”.

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