Finanças
Com sobe e desce do mercado, Ibovespa volta aos 79 mil pontos
Incerteza dos mercados com a Covid-19, petróleo e cenário político em crise atrapalham o desempenho do pregão
O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 1,49% aos 79.064 pontos nesta segunda-feira (11). O dia foi de forte oscilação, com altas puxadas pelo desempenho dos bancos e quedas provocadas pelo cenário externo, como é o caso do petróleo. A Petrobras (PETR4) teve queda de 1,79% após os índices do petróleo virar para o negativo. Há pouco, o barril Brent caiu 3,33% enquanto o barril WTI, recuou 1,37%. A queda da Vale (VALE3) de 2,29% também afetou negativamente no desempenho do pregão.
O dólar fechou em alta de 1,47%, cotado a R$ 5,824. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,837.
Entre as mais negociadas do dia caíram: Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e JBS (JBSS3), que recuou 1,24%. Subiram varejo e bancos com Itau Unibanco (ITUB4) e Via Varejo (VVAR3), que avançaram 0,27% e 0,34% respectivamente.
O pregão que sofreu várias altas e quedas ao longo do dia, foi influenciado pela cautela no exterior somado a crise política interna. Os investidores também ficaram atentos a novos sinais de reinfeção por covid-19 em locais da Ásia, como China e Coreia do Sul.
As expectativas do mercado estão mais baixas, com o Relatório de Mercado Focus mostrando que a projeção para o PIB de 2020 passou de uma queda de 3,76%, para uma de 4,11%. A mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 1,97% para 1,76%. Há um mês, estava em 2,52%. A mediana das previsões para a Selic neste ano passou de 2,75% para 2,50% ao ano.
Destaques da bolsa
Entre as maiores altas do dia estavam os frigoríficos, com a BRF (BRFS3) que teve alta de 11,26%, cotada a R$ 20,85. A companhia apresentou resultado do seu balanço no 1º trimestre de 2020, onde teve prejuízo de R$ 38 milhões. Dívidas judiciais nos EUA e a variação cambial teriam afetado o desempenho. Contudo, a empresa teve crescimento de 21% da receita líquida, que subiu para R$ 8,9 milhões. O aumento das exportações de aves para China e Turquia, durante a pandemia, teriam contribuído no resultado.
Com a força do setor de proteína animal, a Marfrig (MRFG3) também subiu 3,77%, negociada a R$ 13,75. A segunda maior alta do dia foi da Braskem (BRKM5) que avançou 8,34%, cotada a R$ 22,08. A companhia divulgou na sexta-feira (8), um Boletim de voto a distância para a Assembleia Geral Ordinária da Companhia que ocorrerá em 29 de maio. Entre os motivos estariam a inclusão de novos nomes de candidatos para o Conselho de Administração e Conselho Fiscal. É o caso de Lírio Parissoto, indicado por acionistas minoritários para o de administração e Heloísa Belotti Bedicks e Reginaldo Ferreira Alexandre para o Conselho Fiscal da companhia.
O destaque negativo do dia foi da IRB Resseguros (IRBR3), que recuou 14,82% cotada a R$ 7,70. A IRB apresentou forte queda quando foi informada de uma Fiscalização Especial da Susep. Entre os motivos estaria a insuficiência dos ativos garantidores de provisões técnicas e liquidez regulatória. Assim como o aumento de sinistros para liquidar no primeiro quadrimestre de 2020. Com a notícia, as práticas contábeis e de governança corporativa da empresa entram novamente no olho do furacão.
Entre as maiores quedas também estavam a CVC (CVCB3), que caiu 6,14%, cotada a R$ 11,16 e a Petrobras Distribuidora (BRDT3), que recuou 5,98%, negociada a R$ 17,91. As empresas sofreram os impactos da pandemia e da queda do petróleo.
Política interna
Apesar do País ter ultrapassado 11 mil mortes pela covid-19 no domingo, o presidente Jair Bolsonaro pretende ampliar o rol de atividades essenciais autorizadas a funcionar a despeito das medidas de distanciamento social e “lockdown” (bloqueio) adotados por alguns Estados e municípios por causa da pandemia.
O mercado espera que Bolsonaro cumpra sua promessa de vetar a brecha para reajuste de servidores públicos, prevista na lei de auxílio aos Estados e municípios. Também estão no radar os gastos com cartão corporativo da Presidência da República, de R$ 3,76 milhões, que dobraram nos quatro primeiros meses de 2020 na comparação com a média dos últimos cinco anos, mas o detalhamento é trancado a sete chaves pelo Palácio do Planalto.
As atenções ficam ainda nas oitivas do inquérito que investiga a acusação do ex-ministro Sérgio Moro de tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Hoje, devem ser ouvidos o ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo e o delegado Alexandre Ramagem, indicado para substituir Valeixo, mas que não assumiu o cargo por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Também é aguardada a definição de uma data em que o procurador-geral da República Augusto Aras, o advogado-geral da União e o ex-ministro Moro terão acesso integral à gravação da reunião ministerial de 22 abril, na qual o ex-juiz afirma que Bolsonaro teria cobrado a substituição do diretor-geral da PF e do superintendente no Rio.
Em entrevista à Band na madrugada desta segunda, Aras, afirmou que apenas os diálogos entre Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro nessa reunião devem ser divulgados, porque a revelação integral poderia vir a criar embaraços não só internos, mas também nas relações internacionais.