Finanças
As 5 melhores e piores ações da semana
Impactos da pandemia nos setores ainda têm forte reflexo nos ativos financeiros
Começamos o mês de abril em quarentena e com isso alguns setores do mercado ainda sentem à flor de pele os impactos do Covid-19. O Ibovespa, que teve seu próprio voo da galinha e chegou a subir nos últimos dias de março, retomou seu ritmo de queda. Nesta sexta-feira (3), o índice da B3 fechou em queda de 3,76%, aos 69.537 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou desvalorização de 5,30%.
Enquanto uns choram..
O destaque negativo da semana foi da Cogna Educação (COGN3) que recuou 30,08%, a maior queda no acumulado semanal. Entre as cinco maiores quedas também estavam a Via Varejo (VVAR3), Azul (AZUL4), Localiza (RENT3) e YDUQS (YDUQ3).
Para Fábio Galdino, chefe de Renda Variável da Vero Investimentos, as ações mais afetadas durante a semana ainda respondem aos efeitos do Covid-19. É o caso do setor de educação, varejo e transportes que lideram as quedas. A Cogna (COGN3) e YDUQS (YDUQ3) por exemplo, estariam sentindo os impactos da paralisação, quando muitas matrículas passam a ser renegociadas ou até mesmo isentas. Além da crise do setor educativo, Galdino destaca uma forte especulação do mercado. “Esse fator ainda é muito forte para a queda de ações, não há materialidade. Não vejo possibilidades dos alunos trancarem matrículas, contudo há efeitos nas renegociações”, explica.
A Via Varejo (VVAR3) que foi a segunda maior queda da semana, e integra o setor varejista que também está sendo afetado, teria sua queda abrupta fundamentada na falta de desenvolvimento do negócio frente as concorrentes. “Eles não tem um serviço online forte, comparado a Magalu e outras concorrentes, o modelo de negócios nas lojas também não ajuda, e o investidor percebe”, defende Galdino. Esta seria outra das empresas que deve encerrar a crise com uma queda abrupta.
Já o setor de aviação, com a AZUL (AZUL4) é quase um caso perdido. Segundo Galdino, embora o governo americano tentou estimular as companhias de aviação e isso repercutiu positivamente nas empresas do Brasil nas últimas semanas, seria necessário uma postura firme do governo brasileiro para evitar uma queda agressiva. Com a paralisação das atividades, as dívidas das companhias só crescem e o setor deve continuar reagindo negativamente mesmo na retomada pós-crise.
A Localiza (RENT3) pega carona nesse cenário de horror, porque na quarentena as pessoas ficam em casa e não alugam carros, o que faz com que o mercado de locação se estagne.
Confira as cinco maiores quedas da semana:
Ações | Variação |
Cogna Educação (COGN3) | -30.08% |
Via Varejo (VVAR3) | -28.07% |
Azul (AZUL4) | -27.69% |
LOCALIZA (RENT3) | -25.57% |
YDUQS (YDUQ3) | -24.89% |
…Outros vendem lenços
Como toda crise, alguns setores se beneficiam das oportunidades. Este é o caso das cinco maiores altas da semana, que representam os setores resilientes do mercado ou que pegaram carona nas oportunidades.
O destaque positivo é a Suzano (SUZB3) que avançou 21,08%, maior alta no acumulado da semana. Entre as cinco maiores altas também estavam: as ordinárias da Petrobras (PETR3) e as ações preferenciais (PETR4), Klabin (KLBN4) e Rumo (RAIL3).
Segundo Galdino, o desempenho da Suzano (SUZB3) seria sustentando em que a empresa possui uma receita dolarizada, que é influenciada pelo cenário atual. Outro fator seria o aumento do consumo, com preços especiais para as embalagens o que estaria aumentando a demanda. Já no caso da Klabin (KLBN4), que atua no mercado interno, a alta estaria motivada com o desempenho da economia em tempos de crise e a transformação do consumo da sociedade, tornando o uso de embalagens mais necessário.
Para o especialista, a Petrobras que teve suas ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4) em destaque foi influenciada positivamente pela tentativa de acordos entre Rússia, Arabia Saudita e os membros da Opep para a produção mundial de petróleo. Outros fatores que contribuem com o bom desempenho da empresa apesar do Covid-19 seriam a alta do dólar, e o uso de transporte para carga e abastecimento, que não reduziu suas atividades mesmo com o confinamento.
Já a Rumo (RAIL3), que permaneceu com um bom desempenho ao longo das semanas, é para Galdino um dos setores mais resilientes durante a crise. “Falamos de logística, muitas empresas não pararam de exportar, a atividade no campo e com minério continua. Guedes preparou este setor há um ano, e por isso deve sofrer menos neste período”, destaca.
Confira as maiores altas da semana:
Ação | Variação |
Suzano (SUZB3) | 21.08% |
PETROBRAS ON (PETR3) | 17.57% |
PETROBRAS PN (PETR4) | 15.34% |
KLABIN (KLBN4) | 10.88% |
RUMO (RAIL3) | 7.78% |
Muita calma
Com a bolsa fechando nos 69 mil pontos na primeira semana de abril, surge o questionamento de onde é o fundo do poço. Já Galdino acalma os mercados e aponta que está na hora de enxergar a crise do Covid-19 como ela realmente é. “Vejo muitos setores acreditando em dias melhores, outros que comparam o cenário atual com outras crises anteriores, mas a verdade é que não existe nada parecido”, conclui.
Enquanto não há uma clareza sobre o que pode acontecer, Galdino considera complexo entender o futuro dos mercados. Contudo, destaca que vivemos um cenário ruim para os ativos e que as quedas na bolsa representam pelo menos 40% de perda no faturamento das empresas. No entanto, acredita que além dos 65 mil a bolsa não deve cair.