Finanças
Bolsa sobe 4,8% após pacote de Trump; dólar fecha a R$ 5
Ibovespa conseguiu recuperar parte das perdas da véspera, em linha com outros índices no exterior.
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou em forte alta nesta terça-feira (17), mas longe de recuperar o que perdeu na sessão anterior. Depois do circuit breaker na véspera, as incertezas permaneceram e os investidores ainda não sabem o tamanho do prejuízo do novo coronavírus nas economias mundiais.
O principal índice da B3, o Ibovespa, operava em alta de 4,85%, aos 74.617 pontos.
Já o dólar comercial fechou vendido a R$ 5,0024, caindo 0,87%. Na máxima do dia, foi a R$ 5,07. A moeda perdeu força depois que o BC anunciou um leilão de linha, como são conhecidas as operações de venda com compromisso de recompra, no valor de até US$ 2 bilhões.
Mais cedo, o secretário das Finanças dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou que o governo Donald Trump prevê uma injeção de US$ 1 trilhão na economia do país, a fim de combater os efeitos negativos da pandemia de coronavírus. “Não é hora de se preocupar com o déficit, mas de colocar dinheiro na economia”, disse Mnuchin no Congresso norte-americano, após reunião com lideranças do Legislativo.
O Credit Suisse passou a projetar retração de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina em 2020, devido aos esforços de distanciamento social para contenção do coronavírus e à “rápida queda” de preços de commodities. De acordo com o banco, todos os países da região devem sofrer choques de oferta e demanda devido à ruptura em cadeias de suprimentos e aos esforços de quarentena.
No mesmo relatório, o banco cortou a estimativa de crescimento do Brasil de 1,4% para 0,0% e passou a considerar em seu cenário-base uma recessão técnica na primeira metade do ano, com contração de 0,1% no PIB do primeiro trimestre e de 1,6% no segundo trimestre.
Expectativas para o Copom
Neste primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os investidores ajustam posições em meio à percepção de que é pequeno o impacto fiscal do pacote do governo de R$ 147 bilhões para fazer frente ao coronavírus, anunciado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda-feira (16) à noite.
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O mercado ainda alimenta a expectativa de que o Banco Central brasileiro seguirá os outros bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano), e também poderá anunciar corte da Selic em reunião extraordinária, podendo chegar 100 pontos-base.
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Destaques da Bolsa
Entre as maiores altas, destacaram-se as ações da Rumo Logística (RAIL3), que avançaram 14.01%, ao preço de R$ 16,29 por ação.
As maiores perdas ainda se concentraram no setor de transporte aéreo e turismo, em meio a novas notícias negativas envolvendo o setor. As ações da Smiles Fidelidade (SMLS3) caíram 7,74%.
A companhia aérea Gol (GOLL4) recuou 3,23%, após ter anunciado a suspensão de todos os seus voos para o exterior até 30 de junho. Em março até agora, o papel da companhia tem perda de 49%.
Entre os papéis mais negociados, as ações da Petrobras (PETR4) fecharam em leve baixa de 0,31%, negociadas a R$ 13,05. A estatal foi pressionada pela forte desvalorização do petróleo no mercado internacional. A mineradora Vale (VALE3) avançou 5,53%, a R$ 41,20, seguindo o otimismo no cenário externo.
Bolsas em alta no exterior
As bolsas da Europa fecharam com ganhos após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar uma ferramenta de financiamento, enquanto em Madri houve ainda mais impulso, depois de o governo da Espanha anunciar um pacote bilionário para contrabalançar os efeitos do coronavírus. O índice Stoxx 600 fechou em alta de 2,26%, em 291,07 pontos.
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única, após o mercado acionário americano sofrer ontem em Wall Street sua maior queda em mais de três décadas e à medida que grandes partes da economia mundial foram paralisadas pelo novo coronavírus.
Na China continental, o Xangai Composto recuou 0,34% hoje, a 2.779,64 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto teve baixa de 0,43%, a 1.704,74 pontos.
Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei mostrou alta marginal de 0,06% em Tóquio, a 17.011,53 pontos, num dia marcado por volatilidade e após tocar o menor nível em três anos no pregão anterior, e o Hang Seng avançou 0,87% em Hong Kong, a 23.263,73 pontos, interrompendo uma sequência de quatro sessões negativas.
*Com informações do Estadão Conteúdo