Dólar cai 2,7% e bolsas sobem após Trump adiar tarifas do setor automotivo

Wall Street teve sua primeira alta em três pregões, enquanto o dólar segue em queda livre no mundo todo

Os mercados globais tiveram um dia de alívio nesta quarta-feira (5) puxados pela decisão do presidente Donald Trump de adiar em um mês as tarifas sobre o setor automotivo. Isso levou os três principais índices de Wall Street a subirem mais de 1%. Já o Ibovespa teve uma alta menor, de 0,33%. A bolsa brasileira não havia acompanhado o vaivém dos últimos dias porque ficou fechada por conta do feriado do Carnaval.

Já o dólar desabou 2,71% ante o real e encerrou o dia cotado a R$ 5,75, ajustando-se à perda de valor da moeda americana no mercado internacional durante esses dias de feriado local. Essa foi a maior queda diária do dólar desde 3 de outubro de 2022, quando recuou 4,03%, cotada a R$5,1770.

Wall Street registrou a primeira alta em três dias após Trump concordar em adiar as tarifas de 25% sobre México e Canadá para veículos que estivessem em conformidade com as regras de origem do Acordo EUA-México-Canadá (USMCA) após um pedido dos CEOs da General Motors e da Ford e do presidente da Stellantis.

"Vamos dar uma isenção de um mês para qualquer automóvel que passe pelo USMCA para que eles não fiquem em desvantagem", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, a repórteres. "As tarifas recíprocas ainda entrarão em vigor em 2 de abril."

As montadoras têm oferecido um aumento dos investimentos automotivos nos EUA, mas querem ter certeza sobre as políticas tarifárias e ambientais, afirmaram fontes à Reuters, notando que Trump pode impor tarifas adicionais em 2 de abril que poderiam impactar drasticamente a produção automotiva dos EUA.

A cadeia de suprimentos automotiva da América do Norte é fortemente integrada entre Estados Unidos, Canadá e México, e em vários estágios de fabricação as peças cruzam fronteiras, o que poderia expor as montadoras a múltiplas tarifas.

As ações da Ford subiram quase 4% nesta quarta-feira, enquanto os papéis da GM tiveram alta de 5%.

Apesar do recuo das taxas sobre o setor automotivo, começaram a valer as novas tarifas de importação de 25% dos EUA sobre produtos do México e do Canadá, além de novas taxas sobre os produtos da China. A decisão fez com que os países anunciassem retaliações, piorando o clima da guerra comercial iniciada por Trump.

Dólar em queda

Não é apenas no Brasil que a moeda americana tem acumulado perdas, com o índice que compara a divisa contra uma cesta de moedas atingindo sua mínima em quase quatro meses nesta quarta. Só hoje a queda foi de 1,39%.

"Tem um movimento interessante que está acontecendo, com várias medidas de atividade econômica apontando para uma desaceleração muito forte nos EUA", disse Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, à Reuters, citando o efeito de políticas como cortes fiscais e demissões em massa no setor público norte-americano.

"Isso vai bater inclusive no dólar, com a visão de que eventualmente o Federal Reserve vai cortar juros este ano", acrescentou.

Pela manhã o Relatório Nacional de Emprego da ADP reforçou essa leitura ao indicar que a economia dos EUA abriu apenas 77.000 vagas de emprego no setor privado no mês passado, depois 186.000 em janeiro em dado revisado para cima. O resultado de fevereiro ficou bem abaixo dos 140.000 postos projetados em pesquisa da Reuters com economistas.

A queda da moeda norte-americana ao redor do mundo também ocorria em meio a preocupações quanto aos efeitos da política tarifária dos EUA sobre a inflação e, em consequência, sobre os juros e o dólar.

*Com informações da Reuters

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